Apresentação de projetos de organizações comunitárias de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos marcou repasse de 420 mil reais para fortalecimento dos negócios da sociobiodiversidade
Formadas por populações extrativistas, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, agricultoras e agricultores familiares, assentadas e assentados da reforma agrária, as organizações selecionadas são compostas majoritariamente por mulheres e jovens. Dentre doze propostas inscritas, seis foram selecionadas, e receberão um aporte 70 mil reais para executarem durante um ano projetos que contemplam as linhas temáticas do edital: Fortalecimento Organizacional com ênfase em Gestão e Governança; Desenvolvimento das Cadeias de Valor da Sociobiodiversidade; e Fomento a divulgação e comercialização dos produtos.
Os projetos das cooperativas e associações de base comunitária, foram escritos pelas próprias comunidades que trabalham com negócios da sociobiodiversidade e foram selecionadas no Edital da Chamada Pública Nº01/2023 Mulheres Empreendedoras da Floresta: Fortalecendo Empreendimentos da Sociobiodiversidade no Baixo Tapajós. A Chamada pública faz parte do projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta, executado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR) em parceria com o Projeto Saúde e Alegria (PSA), com apoio da União Europeia, o evento de lançamento marca o início dos trabalhos das organizações com o apoio dos financiamentos.
Na ocasião, os empreendimentos apresentaram seus projetos e produtos, destacando como os aportes vão oportunizar o fortalecimento das cadeias produtivas e o fortalecimento de mulheres e jovens.
“Essas organizações passaram por capacitação em gestão, governança e finanças, e agora estão prontas para executar seus próprios projetos. Para muitas delas, essa é a primeira vez que recebem recursos e gerenciam projetos dessa magnitude. A autonomia conquistada permitirá que fortaleçam seus negócios, contribuindo para a preservação da floresta e melhorando a qualidade de vida das comunidades locais. O acompanhamento contínuo garantirá a responsabilidade na execução dos projetos, com prestação de contas intermediária e um segundo repasse de recursos”, – Olivia Beatriz, coordenadora de monitoramento do projeto “Mulheres Empreendedoras da Floresta”.
Conheça as organizações selecionadas
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Flores do Campo: Associação de Mulheres Agricultoras Familiares de Mojuí dos Campos
Composta por 54 mulheres que produzem hortaliças e praticam a agricultura familiar agroecológica. Com o anúncio da seleção e repasse de metade do recurso, estão fortalecendo as atividades das associadas.
“Começamos a executar, já compramos carrinhos de mão, roçadeiras, pintos, telas, bebedouros. Quando aparece um projeto deste você é contemplada, ajuda muito” – Maria Emília dos Reis, Flores do Campo.
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Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR)
Representa 75 mulheres que atuam com a produção de hortaliças, criação de galinhas, manejo de abelhas sem ferrão. “O objetivo do nosso projeto é fortalecer os nossos quintais produtivos, os quintais produtivos dessas mulheres e com isso também fortalecer as nossas feiras, formando 20 mulheres em cada pólo. Além de fortalecer as mulheres, vamos promover capacitações para os jovens que vão estar fazendo uma formação concomitante no dia da formação com as mulheres, gravando vídeos, editando fotos, pra fazer as publicações, divulgações nas redes sociais, alimentar as nossas redes sociais, divulgando o que elas trabalham no dia a dia, como é a produção delas, desde o início até o fim” – Luana Godinho, Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR).
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Associação dos Produtores de Óleo de Andiroba Quatro Irmãos – Amélias
Organização formada por mulheres que trabalham na produção de óleo de andiroba na comunidade São Domingos, região da Floresta Nacional do Tapajós.
“Objetivo é trabalhar com a biodiversidade da floresta como a andiroba e subprodutos como sabonetes. E agora vai ser fortalecido com mais esse apoio, ampliando mais ainda a fabricação e diversificação de produtos” – Márcia Lima, presidente das Amélias.
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Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós – AMPRAVAT
Representa 30 famílias agroextrativistas da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, voltadas à produção agroecológica, segurança e defesa do território. Com o apoio, irão equipar a casa de beneficiamento dos produtos agroecológicos, como o tucupi preto, derivado da mandioca e que destaca como ‘shoyo’ amazônico para o tempero de saladas, peixes e carnes.
“Para que as pessoas mantenham o território, elas precisam de uma garantia de melhoria de vida, de renda, e valorização, principalmente, da produção. E como é que a gente pode estar ajudando as pessoas a se manterem no território com qualidade de vida e aumento da renda, mantendo a juventude no seu território? São projetos como esses, que podem nos ajudar a desenvolver os objetivos que a associação tem, que são realizar parte da melhoria dos produtos da nossa região” – Mariane Chaves, presidenta da Associação de Moradores Agroindústria Indígenas do Tapajós.
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Cooperativa da Agricultura Familiar de Mojuí dos Campos
Representa 34 cooperadas e cooperados e busca ampliar a participação de jovens e mulheres do município no processo de renovação de lideranças e da agricultura agroecológica.
“Pra nós foi muito importante, porque foi pela primeira vez que a cooperativa teve um projeto dessa envergadura, para nos incentivar. A gente ficou feliz, mas também com a responsabilidade de investir esse recurso no cooperativo no resgate da agricultura porque a gente está perdendo nosso território para a soja. Nosso projeto é de resistência a isso no sentido da comercialização de produtos para a merenda escolar, melhorando a nossa embalagem” – Luiz Gonzaga, presidente da Cooperativa da Agricultura Familiar de Mojuí dos Campos .
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Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (Acosper)
Representa mais de 300 agricultores e agricultoras familiares que trabalham exclusivamente com produção agroextrativista, na Resex Tapajós Arapiuns, no Pae Lago Grande e no Quilombo Ituqui.
“A gente recebeu esse resultado com muita alegria, porque a gente tem um projeto maior, um projeto macro e que precisa de vários apoios em diversos segmentos como o extrativismo da semente, andiroba, borracha, mel de abelha. Se a gente não investir, principalmente na juventude, o nosso projeto maior pode estar ameaçado. E a gente não quer isso, a gente quer que seja fortalecido, para isso, precisa investir na juventude, principalmente, não só na parte de produção, mas na capacitação, na educação tecnológica” – Manoel Edvaldo Matos, presidente Acosper.
Ivete Bastos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR-STM), celebrou o projeto e destacou como a iniciativa representa um marco na execução de propostas que visam melhorar a produção, gestão e qualificação das mulheres e jovens da região. Ao manter a floresta em pé e promover a sobrevivência das pessoas, essas mulheres se tornaram protagonistas de suas próprias iniciativas. A união entre as organizações envolvidas fortalecerá ainda mais os resultados, compartilhando desafios e soluções para o benefício de todos. “Essa formação gerou uma perspectiva e uma autoestima nas mulheres, na juventude. Estamos celebrando a unificação de quem conseguiu passar nesse processo para melhorar a produção, a gestão, a qualificação e mantendo a floresta em pé, pensando na produção em harmonia com essa floresta e na sobrevivência das pessoas”, ressalta.