Coordenadora de Energias Renováveis do PSA palestra no II Congresso de Mulheres na Energia

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Sediado em Brasília, o evento conta com 100% de palestrantes mulheres e aponta tendências, discute problemas e soluções para a área de energia no país

A Coordenadora do Núcleo de Acesso à Água, Saneamento e Energias Renováveis Jussara Batista participou no dia 07 de março do 2º Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia e destaca em sua palestra, ‘Energia para quem: novas renováveis em biomas sensíveis’. A palestra foi realizada no modelo de painel e contou com a participação de outras 5 mulheres que atuam nas regiões norte e nordeste na temática energia com povos tradicionais. O objetivo do painel é trazer para as participantes do evento a realidade de populações que são impactadas por grandes empreendimentos de energia e as soluções de renováveis para comunidades remotas da Amazônia.

Foi um momento importante que marcou o encerramento do primeiro dia do evento. Trouxemos um olhar diferente de quem está atuando com energia na ponta em contextos diferentes do sul e sudeste. Comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas são impactadas diretamente por grandes obras de geração de energia e não têm acesso. Implementar alternativas em energia solar fotovoltaica off grid apresenta-se como solução para isso”, ressalta.

O encontro, que é considerado o mais audacioso projeto de conteúdo sobre energia no Brasil, apresenta uma série de palestras e debates que propõem uma profunda análise dos desafios e perspectivas para o gênero feminino, no ambiente de trabalho corporativo, em especial no segmento de energia. Possibilita conexões, fomenta negócios, debate expectativas e promove experiências de imersão no universo feminino.

Mais de mil mulheres dentre CEO ‘s, Diretoras, Engenheiras, Advogadas, Investidoras, Empreendedoras, Pesquisadoras, Jornalistas e demais profissionais que atuam no setor participam do congresso idealizado por Lúcia Abadia, empresária do setor de empreendimentos imobiliários que atua há 7 anos na área de energias renováveis e está atualmente como diretora comercial da ABGD – Associação Brasileira de Geração Distribuída.

Jussara Batista trabalha há quatro anos na área de instalação de energia e água do Projeto Saúde e Alegria (PSA). Formada em 2018 no bacharelado interdisciplinar de Ciências, Tecnologias e Engenharia Física da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), é de uma nova geração de profissionais formada na própria região que passou a compor a equipe da organização.

Quando chega em alguma comunidade do Baixo Amazonas para implantar sistemas offgrid (não conectados à rede energética) de energia solar fotovoltaica que abastecem a eletricidade ou os microssistemas de abastecimento de água, algumas famílias ficam desconfiadas. Uma mulher de 28 anos trabalhando em uma área tão técnica ainda levanta questionamentos. “A responsável pelo sistema é mulher?”, ouve, quando começa novas instalações.

Mas o desafio, que já foi assustador para a jovem, hoje é mais tranquilo. Ela aprendeu a ganhar a credibilidade das comunidades, quebrando preconceitos e abordando com cuidado as questões do seu trabalho. “No começo eu achava que não ia dar conta, mas hoje sinto mais respeito, principalmente em comunidades onde já trabalhei. Quando tem algum problema eles me ligam para pedir ajuda”, revela.

Ela acredita que o trabalho, apesar de técnico, envolve muitas relações interpessoais. “Precisamos entender o contexto e a geografia na qual cada comunidade está inserida. Preciso fazer com que as comunidades me entendam, tendo uma fala mais horizontal”, explica. Para a engenheira, tudo fica mais fácil quando a comunidade entende cada ponto dos sistemas instalados. “A partir do momento que a gente instala um sistema ele passa a ser da comunidade, ela tem que ter zelo por aquilo e fazer as manutenções preventivas no dia-a-dia, então estamos sempre disponíveis para ajudar”, completa.

Desde 2017, quando o PSA começou com as intervenções, já foram 36 sistemas de energia solar para bombeamento de água instalados, outros 10 sistemas de energia para acesso à internet, dois para eletrificação de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outros dois que alimentam a energia de escolas. Até o fim de 2021 está prevista a instalação de mais 7 telecentros e 2 Unidades Básicas de Saúde – UBSs.

Jussara participou de grande parte desses projetos e por meio de seu trabalho, conheceu todos os territórios da região do baixo Tapajós, onde o Saúde e Alegria atua. “Desde o início fui surpreendida com a falta de acesso à energia 24 horas, porque crescendo na cidade, não conhecia nada dos territórios e da vida comunitária”, lembra. A primeira instalação que Jussara participou, na aldeia de Arapiranga, no rio Arapiuns, durou cerca de quatro meses entre o cadastro das famílias, a construção dos sistemas e a entrega.

“Como eram instalações em residências, eu passei a conhecer um pouco de cada família. Criei uma relação próxima e adquiri carinho por elas”. Com a entrega do projeto, Jussara conta que se sentiu envolvida e emocionada com as histórias dos moradores. “São pequenas intervenções que a gente faz mas que impactam no dia a dia de cada vida”, afirma.

A engenheira explica que um dos principais indicadores de desenvolvimento de uma comunidade é o acesso à água e à energia. Em contrapartida, um dos principais desafios de comunidades isoladas é justamente esse acesso. “Hoje, boa parte das comunidades utiliza energia de geradores, com combustíveis fósseis como diesel e gasolina, que são altamente poluentes, não têm fontes renováveis e demandam um alto custo para as famílias”, afirma. E prossegue: “A partir do momento que implementamos um sistema de abastecimento de água com energia fotovoltaica isso se relaciona diretamente na renda da comunidade”.

O gerador limita o acesso à energia a somente algumas horas por dia, o que influencia inclusive no atendimento de UBSs. Segundo Jussara, muitas unidades não funcionam à noite porque não têm energia. Com o sistema solar, as UBSs conseguem armazenar e refrigerar vacinas de forma adequada, por exemplo.

Diante da importância do seu trabalho, Jussara se sente gratificada com o retorno das comunidades. Ela entende que com o alto custo para levar a rede de distribuição para uma comunidade isolada, o governo acaba não tendo interesse nessas instalações. O ganho na qualidade de vida via energia solar desperta o interesse das famílias e acaba estimulando comunitários a realizarem capacitações em Santarém.

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