Iniciativa da escola que é o pilar de formação e treinamento do projeto “Conectando os Desconectados”, um movimento global, promovido pelas organizações APC e Rhizomatica e executada no Brasil pelo Projeto Saúde e Alegria, recebeu apoio da APC, Ministério Público do Trabalho e Internews para fortalecer coletivo Guardiões do Bem Viver
Em 2021, quando foi idealizada pelo mentor Paulo Lima (in memoriam), a Escola de Redes Comunitárias da Amazônia tinha como um de seus princípios, integrar coletivos organizados para realizar sonhos comunitários para o território, onde partilhariam conhecimentos e o desejo de conquistar o direito ao uso da internet, acesso de tecnologias para participação social, participação em rádios comunitárias e processos formativos de comunicação.
Mais de dois anos após o início das atividades, a Escola chegou à fase de realização de sonhos coletivos. Um deles, o de jovens comunicadores do Projeto de Assentamento Agroextrativista da Gleba Lago Grande – PAE Lago Grande – que abriga 154 comunidades e 6.600 famílias indígenas e ribeirinhas, que trabalham com extrativismo e agricultura de base familiar. A articulação do grupo de comunicação independente aconteceu através dos Guardiões do Bem Viver – um coletivo formado por jovens das três áreas do assentamento – Arapiuns, Arapixuna e Lago Grande. “Os guardiões surgiram depois de uma romaria de 37 km que foi uma forma de luta contra a ameaça das mineradoras, madeireiras e do agronegócio que afetam a nossa região. Inicialmente éramos cinco jovens de cada área, então procuramos aumentar o coletivo. Nós somos guardiões da floresta”, explica Erivelton Guimarães, um dos fundadores e coordenadores do coletivo.
Os Guardiões atuam na mobilização dos moradores, representando um braço da Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba Lago Grande (Feagle) – órgão máximo de representação das comunidades do PAE. Uma das ações do coletivo é a divulgação, nas redes sociais, do trabalho da Federação, além de denúncias do território sobre crimes ambientais.
Os jovens do coletivo utilizam uma rádio comunitária de baixa potência para comunicação entre as comunidades e as redes sociais para combater a desinformação. Para fortalecer esse trabalho, uma articulação entre o PSA, Ministério Público do Trabalho, Internews e APC resultou na doação de mesa, cadeiras de escritório, impressoras, notebook, aparelho celular e fones de ouvido. O kit de comunicação foi destinado à rádio comunitária Uxicará de Vila Brasil, “com objetivo de fortalecer a comunicação popular no território como ferramenta de luta e resistência”, comentaram os guardiões.
Pedro Soares, Karina Matos e Gean Silva foram os três estudantes que se integraram aos 21 alunos de três estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas e Pará) na primeira turma da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia. As aulas iniciaram em julho de 2022 a partir de conteúdos temáticos pensados coletivamente para fortalecer as redes envolvidas.
“É um grande incentivo para a juventude dentro do território que já tem esse trabalho dentro da comunicação popular e traz oportunidades para divulgar a nossa produção e mostrar para outras pessoas como é fazer comunicação na Amazônia” – Marlon Rebelo, Guardiões do Bem Viver.
“Vai ajudar muito na divulgação e formação de novas lideranças. Agradecer por essa iniciativa da rádio web que vai dar uma ênfase muito grande na comunicação” – Aldecir Cardoso, coordenador de Catequese da Igreja de Vila Brasil.