Filtros comunitários previnem doenças gastrointestinais em territórios indígenas e ribeirinhos da Amazônia

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Ação promovida pelo Projeto Saúde e Alegria, CAUSE, Sanofi e Água Segura contou com a parceria da Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20 e Feagle, e distribuiu na primeira etapa, filtros comunitários para dezesseis comunidades e aldeias

O B/M Saúde e Alegria desembarcou em dezesseis territórios do PAE Lago Grande, Tapará, Ituqui e Resex Tapajós/Arapiuns. No período de 14 a 18 de novembro, a nova expedição atendeu moradores das comunidades: Boa Vista do Tapará, Tapará Grande, Santa Maria do Tapará, Pixuna do Tapará, Aracampina, Fé em Deus do Ituqui, Nossa Senhora de Lourdes, Conceição do Ituqui, Arimum, Aldeia São Sebastião, Aldeia Aningalzinho, Cutilé, Aldeia Braço Grande, Escola Nova Vitória e Aldeia São João.

Apesar de localizadas às margens dos rios, as comunidades consomem água com qualidade inadequada. A distribuição dos filtros pretende melhorar as condições das famílias dessas regiões através da filtragem de alta potência, explicou Gabriel Nunes, representante do Projeto Água Segura. “Apesar de nós estarmos na maior bacia hidrográfica do mundo, falta água potável. Esse projeto vem com essa proposta de sanar esse problema em algumas comunidades. Estamos alcançando nove mil pessoas, sendo beneficiadas com água potável, tanto da chuva como do rio”, conta.

Como ela é: água consumida diretamente dos rios, antes de passar por filtragem. Fotos: Israel Campos.

Através da tecnologia, qualquer água é transformada em potável, ressalta  Brenda Botes, também do Projeto Água Segura. A aquisição dos filtros é decorrente da venda do medicamento Enterogermina, produzido pelo laboratório Sanofir, que destina um percentual de seus lucros para a área social. A tecnologia desenvolvida na Suíça, garante água potável e evita doenças gastrointestinais. “É uma tecnologia também de educação. Nessa oportunidade, chegamos a 46 comunidades na Amazônia e impactamos a vida dessas pessoas”, explica.

A tecnologia tem capacidade de filtrar e armazenar até 50 litros do líquido que passa por uma pré-filtragem para que as partículas sólidas possam ser removidas. Após isso, passa por uma membrana com micro camadas que remove vírus e bactérias tornando a água própria para o consumo, esclarece a coordenadora coordenadora do núcleo de Água & Energia do PSA, Jussara Batista.

Através da parceria entre as organizações, os filtros para uso comunitário estão sendo distribuídos para 46 comunidades das regiões de Várzea, Resex Tapajós Arapiuns e Mundurukus. Nesta primeira etapa, quinze foram beneficiadas. Livaldo Sarmento, coordenador da expedição, falou sobre o compromisso histórico do Projeto Saúde e Alegria em conquistar meios para combater as infecções de veiculação hídrica. “Sempre articulou atividades, projetos, programas e políticas em favor da saúde das comunidades ribeirinhas, entre tantas atividades desenvolvidas e que a distribuição destes filtros comunitários – uma excelente tecnologia –  é resultado da boa parceria com o projeto Água Segura”.

As comunidades beneficiadas com os filtros, foram selecionadas a partir de levantamento junto à Colônia de Pescadores Z-20, Conselhos Regionais de Pesca, Feagle e Projeto Saúde e Alegria, um dos critérios utilizados foi o acesso à água de qualidade. Na região de várzea, a Sapopema indicou algumas comunidades das regiões do PAE Tapará, Aritapera, Urucurituba, Arapixuna e Ituqui.  Nesse momento, “Oito comunidades de várzea foram beneficiadas com os filtros que vão garantir maior tranquilidade ao consumir a água que nessas regiões é predominantemente barrenta. Essa é uma importante soma de esforços entre os parceiros para beneficiar esse público que tanto carece de políticas públicas de acesso à água própria para o consumo”, explica a coordenadora da Sapopema, Wandicleia Lopes.

No Arapiuns, os indígenas receberam as tecnologias com muita alegria. A cacica Maria Costa da Aldeia São Sebastião contou que os episódios de problemas gastrointestinais são frequentes: “Nesse período do verão e inverno sempre tem vômito e diarreia. Tem que ter tratamento e cuidado. Receber o filtro pra gente é uma grande satisfação”, comemora.

Moradores participam de capacitação para uso da tecnologia durante a expedição de entrega.

Na aldeia Aningalzinho, a lembrança do cacique Tomas Santana é de quando a água do rio era considerada segura para o consumo. Com o aumento da poluição, o risco de contaminação preocupa os aldeados. “Eu acredito que a água está num jeito que nós não temos mais condição de tomar ela como antes. Não tem tratamento, ela é puxada direto pra gente usar. Agora com esse filtro aqui na escola vai ser muito bom pra nós, nossas crianças e adultos”, ressalta.

Durante as distribuições, os beneficiários testaram as tecnologias e foram capacitados para uso e manutenção. Um momento satisfatório, contou Neide Viana de Arimum: “sai muito mais limpa, com esse novo filtro. Que a gente possa ter ele por muito mais anos”, disse.

Esta foi a primeira etapa da distribuição de filtros comunitários e seguirá até a conclusão da doação para 46 comunidades e aldeias. Em outubro, uma outra ação, promovida pelo Projeto Saúde e Alegria, Water is Life e Betterfly em parceria da Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20 e apoio da Gisele Moreau, concluiu distribuição de trezentos filtros de balde para as comunidades Tapará Miri, Costa do Aritapera, Campos do Urucurituba, Campos do Aramanaí, Ilha do Carmo e Urucurituba.

Faz parte da estratégia de promover acesso à água de qualidade. Em 2018, foi feita a assinatura do programa que faz parte da chamada pública do Governo Federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Social do Programa Nacional ‘Cisterna’ de apoio à captação de água da chuva e outras tecnologias sociais de acesso à água, o que significou uma mudança considerável na vida das populações beneficiadas, disse Antônio José da Sapopema, uma das executoras do projeto e que construiu 225 tecnologias na região de várzea: “implantação de projetos de captação de água, tanto de chuva como através de poços artesianos para melhorar o acesso à água potável. É um trabalho super importante que contribui para que essas famílias possam acessar condições mínimas de sobreviver nesses lugares com água potável”.

Fotos da galeria: Brenda Bote e Israel Campos.

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