Programa Floresta Ativa realizou oficina para manejadores de abelha sem ferrão na comunidade São José I na Resex Tapajós-Arapiuns em Santarém;
A oficina de capacitação sobre meliponicultura: boas práticas de manejo, coleta e beneficiamento do mel de abelhas sem ferrão realizada no período de 15 a 17 de dezembro, contou com a participação de manejadores das comunidades tradicionais e indígenas da Resex Tapajós-Arapiuns, PAE Lago Grande e Complexo Indígena Tucumaque do Amapá. A atividade objetivou capacitar os meliponicultores quanto a criação de abelhas sem ferrão, coleta e beneficiamento do mel.
A atividade realizada através da parceria entre o Saúde e Alegria, IEPÉ, ACOSPER e apoio da KAS e BNDES faz parte do planejamento para o desenvolvimento e fortalecimento da “Cadeia do mel” na região oeste do Pará, fornecendo capacitação para a criação de abelhas sem ferrão, assistência técnica e consequentemente geração de renda ao pequeno produtor. Segundo o Técnico em Agropecuária do PSA, Márcio Santos, responsável pelo intercâmbio, a capacitação teórico-prática possibilitou uma importante troca de saberes tradicionais e científicos, com a integração entre assentados e indígenas, “fomentou e enriqueceu a oficina com os saberes tradicionais indígenas, estiveram presentes os povos reconhecidos como Tiriyó, Katxuyana e Apalai das Terras Indígenas do Parque Tumucumaque situados no extremo norte do Pará” – ressaltou.
A meliponicultura (manejo racional de abelhas nativas sem ferrão) possui grande potencial para conciliar a proteção da floresta com a geração de oportunidades econômicas para os moradores da floresta. A atividade que proporciona uma renda complementar significativa, apesar de demandar dedicação reduzida, necessita ser aprimorada para se adequar às exigências do mercado para o fornecimento do produto orgânico. Para Eucledison Amorim da comunidade Anã que possui vinte manejadores, participar do encontro foi fundamental para potencializar o trabalho desenvolvido por eles: “Eu fico feliz por estar aprendendo coisas novas. Eu pensava que já sabia tudo, mas na verdade não. A cada dia a gente vai aprendendo coisas que vão somando ao nosso trabalho” – comenta.
Joelma Ferreira, meliponicultora de Carão, referência no manejo de abelhas que possui 115 caixas de abelhas em seu meliponário, destacou que a atividade também capacita para que os manejadores conheçam a portaria N°7554/2021 publicada no Diário Oficial do Estado em 22 de novembro, que estabeleceu critérios para qualidade e requisitos que o mel de abelhas sem ferrão. Com a política pública estadual, os extrativistas têm um incentivo a mais para se dedicar a atividade que tem um valor a mais para as populações nativas: “O trabalho com abelhas é maravilhoso. Quando a gente trabalha com abelhas a gente não está pensando só na questão financeira, mas de ter a floresta em pé porque as abelhas são uma grande aliada da conservação. Pra mim é um trabalho maravilhoso”.
Orlando Cardoso da aldeia Aminã compartilha do mesmo objetivo: ter renda com a manutenção da floresta, comenta: “É um trabalho novo que nós que moramos nas aldeias estamos fazendo. A gente não só vai ter uma renda melhor com a criação de abelhas, como estamos preservando a nossa mata, a nossa Amazônia. Isso é muito importante pra nós”.
Os dez indígenas do Parque, representantes das regiões assessorados pelo Iepé por meio do Programa Tucumaque possuem experiência com o manejo de abelhas e estão sempre em busca de aprimorar técnicas para aumentar renda e principalmente, encontrar meios para manter a conservação da floresta. “Uma atividade muito produtiva, onde a gente aprende e reaprende o manejo das abelhas sem ferrão junto com o Saúde e Alegria. Estamos aqui com dez representantes das terras indígenas do parque Tumucumaque, onde eles trocam informações. Pra gente está sendo de muito valor, porque mostra a potência que a floresta em pé pode ter para as comunidades, fortalecendo sua renda, fixando as pessoas no campo, mantendo a floresta em pé” – disse Nacip Mahmud, assessor Iepé.
Para o Extensionista Rural da Emater Adenauer Matos, o acompanhamento técnico para os manejadores é fundamental para garantir a produtividade com respeito à natureza: “É uma forma de geração de renda sustentável, que vai valorizar muito a produção deles. Proporcionar uma certificação orgânica pro mel dentro de uma Resex Agroextrativista que está longe de qualquer tipo de utilização de agrotóxico, contaminante, algum veneno, é uma oportunidade muito boa que vai agregar valor, ao conhecimento e ao saber tradicional das comunidades”.
Fotos: Raylana Fonseca e Isabela Hernandes/PSA