Em vias de conclusão das obras do Ecocentro/Casa do Mel/Unidade de beneficiamento de óleos, colaboradores da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (ACOSPER) e técnicos do PSA, participaram no período de 13 a 15 de março do curso de boas práticas para manipulação de alimentos
As obras da Casa do Mel seguem em ritmo acelerado para operar o processamento e a comercialização de itens das cadeias da sociobiodiversidade, como mel de abelha sem ferrão, frutas, sementes, óleos e essências vegetais. Enquanto acontecem os serviços estruturais para implantação dos dois espaços sediados na avenida Cuiabá, em espaços anexos à Sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Santarém, os produtores se organizam para a comercialização após a inauguração estimada para o mês de abril.
Nesta semana, mais um importante passo foi dado rumo à consolidação do negócio comunitário dos extrativistas. Os colaboradores da ACOSPER participaram do curso de higiene e manipulação de alimentos, requisito fundamental para conseguir o Selo de Inspeção Estadual junto à ADEPARÁ. Com a aprovação do órgão, será possível fornecer o produto em mercados de todo o Estado, explicou o nutricionista, especialista em tecnologia de alimentos, Joilson Dutra. “Esse curso vem trazer conhecimento quanto aos cuidados que esses manipuladores devem ter até a entrega para o cliente, no decorrer do armazenamento, envase, rótulo, visando mais qualidade para o produto que logo estará nas prateleiras de Santarém e de todo o nosso estado”.
Próximo de mais um sonho saindo do papel e se tornando realidade, o Ecocentro será fundamental como polo para o processamento, beneficiamento, armazenamento, escoamento, controle de qualidade e comercialização de produtos da sociobiodiversidade como mel e óleos, ampliando frentes para atender as demandas do setor de cosméticos (sementes, óleos, manteigas), de vestimentas (borracha para sapatos orgânicos), entre outras potenciais.
A previsão de investimentos para o Ecocentro/Casa do Mel/Unidade de beneficiamento de óleos é de mais de quatro milhões de reais (4.069.586,58). A perspectiva é que o centro de bioeconomia de base comunitária processe e agregue valor aos produtos, com usina extratora de óleos, destiladora de copaíba, casa do mel, despolpadeira de frutas.
Para tanto, o Programa Floresta Ativa tem investido na capacitação do seu corpo técnico e dos colaboradores da Acosper, esclareceu o coordenador de ATER do PSA, Márcio Santos. “A formação veio para capacitar os cooperados, equipe da assistência técnica para preparar as pessoas que vão fazer a manipulação dentro da casa do mel”. A previsão é que o espaço seja entregue até 26 de março, quando chegam os equipamentos para instalação no mês de abril. “Final de abril começa a entregar a casa beneficiando mel de abelha jandaíra sem ferrão fermentado”.
O curso de manipulação durou três dias, reunindo 26 pessoas, dentre cooperados, cooperadas e técnicos do PSA. Para o presidente da Acosper, Manoel Edvaldo, as temáticas foram cruciais para a entidade que visa a adequação aos padrões sanitários conforme as regras da ADEPARÁ. “Foi um momento muito importante para o bom funcionamento do mel e consequentemente a origem desde a origem lá com os meliponicultores até o momento do envase para chegar ao mercado. Os participantes saíram com um olhar diferente e conhecimento mais avançado”, comenta.
O mel como qualquer alimento pode ser fonte de contaminação e pode transmitir doenças ao consumidor, se os procedimentos não seguirem as recomendações. A partir da certificação, a cooperativa se torna apta para conseguir o Selo de Inspeção Estadual ofertado pela Adepará. “O curso é uma obrigatoriedade para todo mundo que for trabalhar dentro do Entreposto. Eles precisam passar por capacitação para entender as boas práticas para evitar a contaminação do produto e como se comportar dentro da indústria, uso de EPS, importância dos equipamentos, quais as formas de contaminação e principais microorganismos que podem contaminar o mel e que podem fazer mal pra saúde”, esclareceu a técnica do PSA, Rosimeire Freitas.
O espaço será o polo da produção direta de 180 manejadores capacitados para a coleta do mel conforme as regras de higiene e contará com a atuação de cinco manipuladores. A grande expectativa do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria, é que com a padronização do processo, o espaço seja inaugurado já com o Selo de produção Artesanal do Mel, garantindo ainda maior segurança ao consumidor final.
O Floresta Ativa tem prestado assistência técnica aos agricultores e extrativistas para melhoria da segurança alimentar e da renda familiar, com práticas que aumentam a produtividade, diversificam a produção, recuperam áreas degradadas e reduzem a necessidade de abertura de novas áreas, do uso do fogo e riscos de incêndios florestais. A cada ano, novas famílias se mobilizam para restauração florestal, coleta de sementes, produção de mudas, implantação de SAF’s (sistemas agroflorestais), culturas de quintal, pequenas agroindústrias, manejo para extração não-madeireiros, e criação de abelhas sem ferrão. Nesta empreitada, conta com o financiamento de apoiadores como o BNDES e Rewild, CAF, Natura, FUNBio, WWF Brasil e Good Energies.