Mais de cem organizações se reuniram cobrando ações emergenciais do governo
Uma manifestação pacífica reuniu indígenas, ribeirinhos, quilombolas, agricultores, universitários e população urbana do Oeste do Pará, no centro de Santarém. A ‘Marcha pelo Clima’ contou com o apoio de 103 organizações da sociedade civil, e cobra medidas emergenciais para reduzir os impactos da crise climática na região. Manifestantes exibiram cartaz com recados para os Governos Municipal, Estadual e Federal.
“O povo de Santarém e de Alter do Chão está na rua para enfrentar essa crise climática. Nós estamos vivendo com a fumaça, com a crise hídrica, que são as secas. Então, nesse momento, nós estamos aqui dando um grito para que as autoridades no Brasil possam nos ouvir. E também as autoridades até fora do Brasil possam ouvir o grito de Santarém dos tapajônicos”, disse o Presidente do Coletivo Guardiões do Bem Viver, Darlon Neres.
“Nós estamos aqui chamando a atenção do poder público, principalmente dos governantes, do Governo Estadual, do Governo Federal, para que possam estar pensando políticas públicas voltadas para a Amazônia. Nós precisamos chamar a atenção e precisamos trabalhar juntos. Nossa função aqui é pressionar os governantes para que eles se organizem e as políticas públicas possam chegar até a base”, destacou a representante do Conselho Indígena Tupinambá, Raquel Tupinambá.
“É um esforço das instituições governamentais e não governamentais em protesto, por conta da situação que Santarém hoje se encontra. Em volta, muitas fumaças, muitas pessoas adoecendo. Hoje, a região do Baixo Amazonas clama por justiça, por atenção do Governo do Estado e Federal, para que possamos respirar um ar de qualidade e viver na Amazônia, que é o pulmão do mundo”, enfatizou a coordenadora da Sapopema, Wandicleia Lopes.
A manifestação pacífica levou em conta a situação climática do Oeste do Pará. As queimadas, estiagem e seca estão afetando populações tradicionais. Segundo o monitoramento atmosférico, Santarém está no ranking das cidades com a qualidade do ar mais baixa do mundo. A situação já afeta a cidade há mais de um mês, e as medidas governamentais não são suficientes para controlar os focos e reduzir as queimadas na região. O ato também protestou contra o agronegócio e a especulação imobiliária.
“Hoje eu estou aqui pelo clima, pela vida do nosso povo Munduruku, que a gente está sofrendo uma crise de muita fumaça, muita secagem no nosso território. Pela vida dos nossos filhos, pela vida dos nossos netos. Eu espero que tomem as providências e parem imediatamente todas essas fumaças onde a gente está sofrendo”, enfatizou a Indígena do território Mundurukania, em Jacareacanga no Alto Tapajós, Maria Leusa Munduruku.
“Se foi criado esse caos, esse caos se chama agronegócio, e não agricultura famílias. Por isso, nós estamos na luta para que possamos respirar. Responsabilizamos os governos por isso, porque precisamos ter água, ter terra e ter produção. Eu espero que coíbam aqueles que causam incêndio, fumaça poluída, mas também fazer justiça social e climática”, afirmou a Presidente do STTR, Ivete Bastos.
“Estamos aqui pedindo o que toda sociedade santarena está pedindo, solução para essa crise da fumaça que cobre Santarém. Isso tudo, por causa desse desmatamento e dessas queimadas, e isso tudo tem nome: é o agronegócio e a especulação imobiliária que estão fazendo tudo isso”, ressaltou o membro do Movimento Tapajós Vivo, Johnson Portela.
Em meio a situação climática no Oeste do Pará, organizações da Sociedade Civil do Baixo Amazonas encaminham carta propositiva aos órgãos governamentais cobrando medidas emergenciais e estruturais, de curto, médio e longo prazos para o enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas na região. O documento apresenta medidas organizadas em prioridades que vão desde as emergenciais, para já, até as de longo prazo.
“Não dá para ficar só esperando a crise vir e o governo não saber o que fazer, ou simplesmente distribuir algumas cestas básicas, alguns galões de água que não duram uma semana. É preciso planejar medidas de políticas públicas e emergenciais para que quando a crise vier, possa ter ações já efetivadas e não deixar a população refém de uma situação como essa, afinal vamos ter cada vez mais eventos extremos como está sendo agora ”, pontuou o Coordenador de Comunicação do PSA, Fabio Pena.