“Me considero fruto do trabalho do Saúde e Alegria” – Maickson Serrão 

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Das cinzas de uma tragédia na comunidade Tucumatuba, na Resex Tapajós-Arapiuns, surgiu uma oportunidade que norteou a trajetória de um profissional que hoje fala sobre a Amazônia para o mundo. Maickson Serrão é um entre tantos outros jovens que tiveram as vidas transformadas através das ações do Projeto Saúde e Alegria.

O professor de educação física e jornalista mora atualmente em Manaus, mas nasceu e cresceu às margens dos rios que banham Santarém. A sua jornada no trabalho comunitário o levou a ser um multiplicador das boas práticas voltadas ao desenvolvimento das populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas.

“Eu sempre fui multiplicador desde a adolescência. O Saúde e Alegria acaba criando esse senso nas pessoas de que a gente precisa compartilhar, que faz com que essas nossas oportunidades cheguem a mais pessoas. Essa é uma cultura que o PSA constrói nas comunidades e construiu em mim”, enfatiza. 

Aos 14 anos, Maickson viu a vida da família mudar de uma hora para outra. No dia 31 de dezembro de 2004, a casa onde viviam no bairro Serraria pegou fogo e o que demorou anos para ser construído foi perdido em pouco tempo.

A mudança forçada para a comunidade Boim revelou o início de muitas surpresas. “Foi desafiador, mas muito importante essa forma de renascer ali em Boim, onde pude me desenvolver enquanto liderança, enquanto protagonista da minha própria história. Talvez se eu tivesse ficado lá no bairro da Serraria a minha vida fosse diferente”, destaca.

Na nova comunidade ele começou a frequentar um grupo de jovens que desenvolvia algumas atividades juntamente com o Projeto Saúde e Alegria, principalmente na área da comunicação. Entusiasta desde criança, o jovem deu os primeiros passos no informativo “A Notícia” da Rede Mocoronga e passou a integrar as oficinas, projetos e formações tornando-se uma liderança jovem atuante dentro do território.

Ao lado do PSA, Maickson viu sonhos se tornarem realidade contribuindo para o desenvolvimento social, econômico e ambiental de onde morava. O informativo passou para uma rádio-poste e em seguida rádio FM.

A cada nova oportunidade de crescimento, mobilizações eram feitas para que mais pessoas pudessem ter acesso às formações e oficinas. Maickson lembra que a mãe ficava receosa no início, mas com o passar do tempo entendeu que o filho tinha um destino trilhado na busca pelas melhorias na comunidade.

Entre tantos outros projetos, ele destaca que um divisor dentro da comunidade Boim foi a implantação do telecentro de inclusão digital. O projeto foi instalado em 2009 em um prédio reformado construído na década de 50, onde funcionou um centro de formação religiosa e ambulatório da comunidade.

“O PSA já tinha feito um em Suruacá, então começamos uma mobilização forte com outros jovens para que aquele nosso sonho virasse o sonho de toda a comunidade. Aos poucos fomos mostrando que estávamos preparados e que a gente queria muito aquilo. Foi um processo muito rico de mobilização,  engajamento e envolvimento comunitário”, lembra. 

O acesso à internet via satélite proporcionou uma revolução. Jovens puderam estudar à distância, disponibilizar informações sobre a Resex em redes sociais e em blogs. À época, o conhecimento adquirido em outras formações também possibilitaram a Maickson a oportunidade de ministrar oficinas a outros jovens.

Aos 17 anos, o líder comunitário precisou deixar Boim para estudar na área urbana de Santarém. Essa mudança ainda é uma realidade vivenciada pela maioria dos jovens de comunidades ribeirinhas que completam o ensino básico e buscam uma formação superior longe de casa. No entanto, a distância não impossibilitou que o trabalho semeado ao longo dos anos desse frutos.

Para Maickson, ser o profissional que se tornou hoje é fruto da semente plantada há mais de 15 anos pelo PSA. “Eu me considero fruto do trabalho do Projeto Saúde e Alegria, sempre por onde vou reconheço a importância das pessoas do PSA na minha vida. A gente tem esse sentimento de gratidão. O que eu puder fazer para propagar esse trabalho eu vou fazer, porque precisamos alcançar mais pessoas”.

Depois da licenciatura em educação física, Maickson iniciou a formação em jornalismo. O que começou como participação nos projetos de mídia comunitária na Rede Mocoronga tornou-se a carreira a ser seguida.

Onde quer que esteja, ele leva as origens do povo da floresta e as lições aprendidas no trabalho comunitário. Hoje, o jornalista trabalha com podcast retratando as histórias dos povos da Amazônia. “Estou trilhando esse caminho, mas o Rede Mocoronga teve grande impacto com aquele trabalho que comecei aos 14 anos. Quero amplificar essas vozes para o mundo”, finaliza. 

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Essa é a terceira temporada da série ‘Eu sou Saúde e Alegria’ em comemoração aos 35 anos do Projeto Saúde e Alegria. Nesta jornada, são contadas histórias de vários amigos das comunidades em que o PSA atua, e que foram beneficiados com projetos de desenvolvimento socioeconômico, educação, comunicação e saúde.

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Captura e edição de vídeos e fotos: Priscila Tapajoara
Apresentação do podcast: @jessicakumaruara
Reportagem: @geovanebrit0
Mixagem: @raikpereira2019
Arte: @_vanessacampos
Coordenação editorial: @bonfimsamela
Coordenação Geral: @fabinhopena

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