Povo Munduruku celebra avanço na demarcação da TI Sawré Muybu

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Comemoração contou com a participação de Lideranças Indígenas e organizações apoiadores do movimento

O Povo Munduruku celebrou, nos dias 04 e 05 de novembro, mais um avanço no processo de demarcação da Terra Indígena (TI) Sawré Muybu, localizada nos municípios de Itaituba e Trairão, no Pará. A TI possui uma área de mais de 178 mil hectares. O Ministério da Justiça e Segurança Pública assinou a Portaria Declaratória da Terra Indígena. A Funai aponta que  a ocupação histórica e ininterrupta dos Munduruku na região onde hoje se localiza a TI, desde o século XVIII até os dias atuais. Significa que o estado brasileiro reconhece a presença e o vínculo histórico desse povo na região. O próximo passo é a assinatura do Presidente da República e demarcação física do território.   

“A gente sempre teve esperança, sempre resistimos. É um passo que vamos dando a frente. É um avanço nessa luta de crer, de ter muita fé que vamos conseguir. Hoje, a TI está demarcada, assinada pelo Ministério da Justiça. Ou seja, a terra é nossa!”  celebrou, Alessandra Munduruku.

Foto: Thaigon Arapiun

“Pra nós isso foi uma conquista da nossa luta, do Povo Munduruku, todos lutamos juntos. É muito importante, porque isso fica de herança para as próximas gerações. Nós somos guardiões desse território, dos animais que estão aqui e não sabem se defender, nós estamos preservando a floresta pra eles também. Hoje nós temos uma terra demarcada, isso é uma vitória que estamos comemorando hoje”, festejou o Líder Indígena, Cacique Juarez. 

Este foi um passo importante na luta pela demarcação do seu território, após o Ministério da Justiça assinar a Portaria Declaratória da TI Sawré Muybu. A conquista vem depois de muitos anos de luta, que envolveu desde mobilizações para impedir a construção de hidroelétricas no território até a autodemarcação, feito pelos próprios indígenas para assegurar seu território. Os desafios ainda são muitos, como a presença de garimpos ilegais na região, e o contexto político nacional como a proposta do Marco Temporal, entre outros projetos de lei que podem prejudicar  a garantia dos seus direitos.

Foto: Coletivo Daje Kapap

O evento festivo reuniu os caciques, crianças e adultos, e representantes de organizações parceiras que apoiam a luta do movimento, entre as quais o Projeto Saúde e Alegria, que vem apoiando os indígenas em diversas frentes, como na melhoria das condições de saneamento básico e o fortalecimento de suas organizações, como a Associação Pariri e o Coletivo Audiovisual Daje Kapap que vem contribuindo por meio da comunicação popular para levar a mensagem e a luta desse povo para o mundo.

Foto: Thaigon Arapiun

“Vocês conseguiram mostrar que é possível, com a luta é possível, com resistência e batalha. Nós, do Projeto Saúde e Alegria (PSA), começamos a trabalhar junto com vocês nesse território para buscar melhorar a qualidade de vida da população, como a questão do acesso à água, energia e internet. Fatores que já são direitos de vocês, mas assim como a demarcação, o Estado demora a assegurar. Estamos muito felizes em vocês terem nos convidado a somar nessa luta, e podem contar com a gente para os futuros desafios”, destacou o Coordenador de Comunicação do PSA, Fabio Pena.

17 anos de luta

O processo de demarcação da Terra Sawré Muybu começou em 2004. A demora deixou as comunidades expostas às pressões dos interesses não indígenas, especialmente do garimpo e da extração de madeira. Por isso, o reconhecimento de TI representa tanto, e reafirma os Povos Munduruku como donos do território.O processo de demarcação da Terra Sawré Muybu começou em 2004. A demora deixou as comunidades expostas às pressões dos interesses não indígenas, especialmente do garimpo e da extração de madeira. Por isso, o reconhecimento de TI representa tanto, e reafirma os Povos Munduruku como donos do território.

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