Sistemas Agroflorestais (SAFs) de três territórios nos municípios de Santarém e Belterra recebem acompanhamento técnico regular do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria. Produtores têm fortalecido as produções para fomentar o Ecocentro e comércio local
A economia da floresta tem como um de seus princípios o fortalecimento de cadeias produtivas que aproveitem melhor os potenciais existentes na Amazônia para empreendimentos agroecológicos e florestais, bioeconomia e de serviços ambientais que contribuam para a redução do desmatamento e das emissões de CO2 e, ao mesmo tempo, promovam segurança alimentar, elevação da renda e inclusão social das comunidades envolvidas.
O Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria tem dentre suas estratégias a implementação de Assistência Técnica Regular (ATER) em Sistemas Agroflorestais (SAFs). Atualmente são assessorados cento e onze (111) produtores em três regiões: Resex Tapajós-Arapiuns, Floresta Nacional do Tapajós e PAE Lago Grande. Em parceria com a Acosper, o PSA implantou oito (8) viveiros florestais nas comunidades Nova Vista do Arapiuns, Carão, São Francisco, Carariacá, Surucuá, Aldeia São Pedro, Aldeia Vista Alegre do Capixauã e Jaguarari. “Dois deles já estão regularizados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os demais estão em processo de regularização”, explica a engenheira florestal do PSA, Diane Ribeiro. Os viveiros recebem cuidados para que possam produzir com qualidade e de forma orgânica – sem uso de agrotóxicos. Nos viveiros são manejadas espécies florestais e frutíferas: cumaru, andiroba, açaí, café, cupuaçu, cacau urucum, acerola. São planejados cultivos com potencial de geração de renda para que os produtores possam agregar renda e alavancar o comércio local, “além de servirem para a restauração florestal. Nesses viveiros as mudas vão ser trabalhadas na forma de SAFS que é o consórcio de espécies florestais com frutíferas e culturas anuais”, ressalta Ribeiro, responsável pelo trabalho dos SAFS.
A Amazônia tem potencial para suprir o país com seus recursos naturais, mas são necessárias novas referências para uma economia que pense o futuro e que veja o meio ambiente como potencial e não como empecilho. O Brasil é um dos maiores detentores de ativos naturais do planeta: 60% do bioma amazônico está no Brasil, com expressiva diversidade sociocultural e importância estratégica crescente em tempos de mudança climática, busca por economias de baixo carbono e acordos internacionais para a distribuição dos benefícios da biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
Se manejados de forma sustentável, esses recursos podem garantir o futuro do país e do planeta. Para tanto, é necessário transitar do atual sistema para práticas mais modernas, eficientes e amigáveis ao meio ambiente, nos quais se produz mais com menos terra – com menos desmatamento. É o que propõem as iniciativas do PSA nessa área, voltadas ao empreendedorismo sustentável, buscando promover a Economia da Floresta de Base Comunitária no desenvolvimento regional, com o intuito de elevar a renda das famílias ribeirinhas e indígenas a partir do melhor aproveitamento dos produtos do agroextrativismo, da agricultura familiar, da bioeconomia e de serviços ambientais.
Esse trabalho tem garantido o bom manejo dos recursos naturais de seus territórios e a manutenção da floresta em pé. Tomasia Cardoso da comunidade Nova vista do Arapiuns, conta que está muito satisfeita com o acompanhamento técnico. O viveiro dela tem produzido mudas para melhorar a produção a partir dos apoios do Saúde e Alegria: “Nós conseguimos nosso poço com água e isso nos ajudou muito e cada dia mais estamos produzindo mais para levarmos para os nossos quintais. Isso aqui veio nos beneficiar muito e esperamos que daqui possamos usufruir dos nossos plantios. Graças a Deus que enviou esses técnicos para nos ajudar e essa cooperativa. Pra nós é muito importante na nossa comunidade”, comenta.
Vanderson Magno, jovem liderança na comunidade Nova Vista, reforça que o apoio tem garantido melhor qualidade para a produção. “Era muito difícil antigamente. Aqui nós trabalhamos com espécies de cacau, cupuaçu, andiroba e outras mudas e a gente quer trabalhar com todas para ter melhoria de vida e focar nas que podem nos dar renda”.
No viveiro central, localizado no Centro Experimental Floresta Ativa na comunidade Carão na Resex Tapajós Arapiuns, são produzidas mudas coletivamente em puxiruns semanais. Os moradores ajudam a produzir as espécies e quando estiverem aptas ao plantio nos respectivos quintais produtivos, receberão conforme sua demanda, explica o coordenador geral do viveiro, José Ivanildo da comunidade Mucureru. “Aqui plantamos todos os tipos de espécies. A gente faz o trabalho todas as quintas-feiras com as comunidades. A participação está indo bem, temos muitas plantas. Todas as vão para os SAFs, onde cada produtor vai pegar entre 50 e 100 mudas conforme o tamanho da sua área”.
O Programa Floresta Ativa conta com o apoio do Fundo Amazônia/BNDES e Good Energies para para implementar as ações de ATER.
Fotos: Diane Ribeiro/PSA.