No período de 18 a 20 de agosto, técnicos do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria visitaram comunidades da região do Ituqui e Tapará produtoras de mel. Cinco comunidades apresentaram potencial no manejo de abelhas nativas, após diagnóstico;

Mais do que nunca, possibilitar meios para a economia dos moradores da floresta é agenda prioritária. Com a renda comprometida em decorrência dos impactos da covid-19, famílias que sobrevivem de atividades agroextrativistas e da pesca, aos poucos tentam se recuperar economicamente. Pensando nisso, o projeto Floresta Ativa recomeça gradualmente suas atividades, dentro de protocolos de segurança, promovendo ações para o melhoramento da renda dos comunitários.
Durante a viagem para diagnóstico, foram visitadas famílias das comunidades Nova Vista, São José, Pixuna no Tapará, Tapará Mirim e Santa Maria do Tapará que praticam a meliponicultura. A intenção do PSA, explicou o técnico, Alexandre Godinho é identificar através do mapeamento quais precisam de apoio em capacitação, kits de manejadores, e formação em práticas de manipulação e higiene. “Serão apoiadas 100 famílias na várzea com aproximadamente mil enxames de abelhas sem ferrão. Por meio do resultado do diagnóstico produtivo será definida estratégia de produção na região” – esclareceu.
A cadeia da meliponicultura compreende desde o uso de técnicas sustentáveis de bom manejo de abelhas sem ferrão para a produção do mel e seus derivados, como o pólen e o própolis, até o beneficiamento do produto e sua comercialização. Segundo o extensionista rural, Márcio Roberto que acompanhou a equipe nas comunidades do Ituqui e Tapará, o diagnóstico é fundamental para traçar medidas assertivas para uma produção de sucesso: “O objetivo é apoiar a cadeia do mel para que ela se consolide e gere renda para as famílias que serão assistidas pelo PSA. Fazer um planejamento das ações com objetivo de melhorar a produção para que o pequeno produtor possa entregar um produto de qualidade ao mercado”.

Para os moradores visitados, o projeto oportuniza a capacitação que eles desejavam alcançar. Sultana Souza, meliponicultora em Santa Maria do Tapará ressaltou a felicidade em receber os técnicos e a ansiedade em começar as capacitações: “Eu gostaria de aprender a trabalhar com pólen e própolis. E quero muito aprender, já sei um pouco e quanto mais a gente aprende mais a gente quer”.
Em Pixuna do Tapará a produtora Maria do Rosário Mafra contou que produz por ano cerca de 30 a 40 litros e que eles planejam aumentar a produção a partir das técnicas de capacitação: “É uma fonte de renda pra nós. Falta organizar melhor e no futuro a gente tem o pensamento de ter mais colmeias pra ter mais produção de mel. A nossa vontade é expandir o nosso negócio”.
O produto possui grande aceitação e valorização de mercado. O produtor Manoel de Jesus da comunidade Nova Vista do Ituqui esclareceu que eles não sentem nenhuma dificuldade para escoação. “O pouco que a gente produz a gente vende tudo” – disse.

Meliponicultura no Oeste do Pará
O Saúde e Alegria através do Projeto de Meliponicultura do Programa Floresta Ativa ultrapassa manejo de 120 milhões de abelhas 48 comunidades na Resex Tapajós Arapiuns, Pae Lago Grande, Floresta Nacional do Tapajós- Flona, região do Eixo Forte em Santarém e agora na várzea totalizando 6 mil colmeias com meta de atingir 8 mil em 2020.
Na busca do pólen, as abelhas polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Esse processo é indispensável para a reprodução de 90% das plantas, do equilíbrio ao meio ambiente e geração de renda para populações tradicionais através da cadeia produtiva do mel. “O manejo de abelhas proporciona qualidade de vida dos manejadores e sustentabilidade ao meio ambiente mantendo a floresta em pé. O projeto tem 6 mil colmeias que são das famílias que são atendidas pelo projeto. Cada colmeia tem entorno de 20 mil abelhas, responsáveis por 90% da polinização da floresta” – explicou Godinho.
No Centro Experimental Floresta Ativa, dois modelos de meliponário com 150 colmeias de abelhas canudos foram instalados para que sirvam de exemplo e inspiração aos comunitários. Para que a atividade de grande potencial econômico seja a chave para a geração de renda, capacitações frequentes são realizadas, onde além dos conhecimentos, recebem materiais necessários para investir no processamento da cadeia produtiva e garantir segurança e produtividade do trabalho. Itens como macacões, botas, peneiras, baldes, chapéus e embalagens para colocar mel e espátulas são entregues aos manejadores.
Economia da Floresta pós-covid
De maneira gradual atividades relacionadas à capacitação dos comunitários para incentivo de produções sustentáveis na floresta estão voltando, com o máximo de rigor e cuidado. Para as viagens, técnicos são testados e só podem seguir após avaliação da equipe médica do PSA. Além disso, cumprem protocolos que vão desde o uso de máscaras, lavagem constante das mãos e uso de álcool em gel.
A intenção do Programa Floresta Ativa é possibilitar aos moradores de diferentes regiões da Amazônia, formas de garantir o sustento aliando proteção ao meio ambiente. O projeto de meliponicultura inclui capacitação dos produtores, entrega de kits para manejadores, apoio para a certificação dos produtos e desenvolvimento de soluções logísticas para o escoamento adequado da produção. E a comercialização dos produtos de meliponicultura receberá um novo impulso com a criação da Casa do Mel, no EcoCentro de Economia da Floresta, que está sendo instalado na cidade de Santarém.
Proteger a diversidade de espécies de abelhas sem ferrão (ameaçadas pelo desmatamento, pelas queimadas e pelo uso intensivo de defensivos agrícolas) é imperativo para a manutenção da floresta, uma vez que essas abelhas são as grandes responsáveis pela polinização de árvores nativas. Assim, a criação racional de abelhas sem ferrão para produção de mel e derivados (como geleia real, própolis e cera) tem um impacto positivo tanto no meio ambiente quanto na renda das comunidades ribeirinhas.

Muito legal essa descrição. Estamos no caminho certo eu acredito em dias melhores. Vejo as famílias, complementando a renda através da Meliponicultura.