Formar novos cidadãos através da educação. Esse tem sido o papel de Dailon Alves na Aldeia Solimões, na Reserva Tapajós-Arapiuns, em Santarém, ao ministrar aulas na escola Nossa Senhora das Graças. O desejo de contribuir com o futuro das crianças ribeirinhas e indígenas foi a maneira encontrada para retribuir aquilo que as comunidades lhe deram ao longo da vida.
Nascido na comunidade de Suruacá, Dailon sempre foi atuante nas tomadas de decisões onde morava. Parte dessas iniciativas foram formadas nas ações do Projeto Saúde e Alegria, que desde 1987 promove e apoia processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável no oeste do Pará.
“O Saúde e Alegria fez parte da minha vida, me ajudou na minha formação e a ter o conhecimento e visão de mundo que eu tenho hoje sobre a Amazônia, sobre a nossa terra. Eu sou Saúde e Alergia porque acredito nas ideias inovadoras que eles colocam para nós que moramos nas comunidades ribeirinhas”, disse o professor sobre a relação com o PSA.
Os primeiros contatos com o Projeto Saúde e Alegria aconteceram em meados de 1997 através das atividades lúdicas do Circo Mocorongo, que além da alegria dos palhaços levava educação em saúde, meio ambiente e cidadania comunitária. “Era uma atração muito legal, toda a criançada ficava animada naquela expectativa que acontecesse esse momento muito esperado por todos. Foi a partir daí que passei a conhecer um pouco mais o Saúde e Alegria”, relembra.
Aos 14 anos, Dailon passou de espectador para membro atuante nas ações do PSA dentro das comunidades da Resex, principalmente após a implantação do primeiro telecentro de inclusão digital, inaugurado em 2003 na comunidade Suruacá, possibilitando que os jovens pudessem ter acesso à internet e à expansão dos trabalhos através das mídias comunitárias.
Além da produção de conteúdo dentro das próprias comunidades, feita nos informativos, rádios e na Rede Mocoronga, Dailon lembra que as formações, cursos e encontros foram primordiais para que ele se desenvolvesse como pessoa e como profissional futuramente. “Quando eu saí em 2008 de Suruacá para estudar em Manaus, eu não senti tanta dificuldade porque eu já tinha aprendido alguma coisa anteriormente que o Saúde e Alegria tinha me proporcionado”, conta.
O educador enfatiza que as mudanças proporcionadas pelo PSA não foram observadas apenas na sua vida pessoal, mas na região como um todo. Um dos pontos mais marcantes para Dailon aconteceu no final dos 90 quando não havia saneamento básico nas comunidades e o índice de pessoas com doenças intestinais era alto.
“O trabalho deles mudou muito o modo de vida. As pessoas cavavam poços, tiravam água do rio para usar no dia a dia, e por conta disso acontecia de muitas crianças ficarem doentes. Depois da instalação dos microssistemas melhorou muito e isso é muito marcante”.
As iniciativas voltadas à educação e comunicação também tiveram a sua contribuição dentro da Resex ao longo dos anos. Foi através de projetos de educomunicação que crianças e jovens passaram a ser protagonistas das próprias histórias dentro da Amazônia.
Com experiência na produção de conteúdo dentro das comunidades, Dailon lembra que em 2008, por meio do Saúde e Alegria, fez o seu primeiro intercâmbio com mais duas pessoas da Resex e Flona, e passaram pouco mais de um mês na Suécia, vivendo experiências e contando das vivências, lutas e conquistas dos povos da floresta. Para ele, a viagem foi uma das melhores experiências da vida.
Em 2017, já com a graduação e título de professor, Dailon voltou à Resex para ministrar aulas na Aldeia Solimões. Ao chegar na comunidade viu que o PSA também tinha ações sendo desenvolvidas com os indígenas. “Eu não pensei duas vezes, comecei a me envolver nessas atividades. Diretamente ou indiretamente, tudo aquilo que aprendi no passado eu tento desenvolver com os meus alunos na sala de aula”, ressalta o professor que é um dos multiplicadores das ideias do Projeto Saúde e Alegria.
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Essa é a terceira temporada da série ‘Eu sou Saúde e Alegria’ em comemoração aos 35 anos do Projeto Saúde e Alegria. Nesta jornada, são contadas histórias de vários amigos das comunidades em que o PSA atua, e que foram beneficiados com projetos de desenvolvimento socioeconômico, educação, comunicação e saúde.
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Captura e edição de vídeos e fotos: Priscila Tapajoara
Apresentação do podcast: @jessicakumaruara
Reportagem: @geovanebrit0
Mixagem: @raikpereira2019
Arte: @_vanessacampos
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