O Projeto ‘Enraizado na Confiança’ de iniciativa do Saúde e Alegria com apoio da Internews, socializou os primeiros resultados da escuta realizada nas comunidades Vila Brasil e aldeia Muratuba sobre o impacto da desinformação
A disseminação de desinformação é responsável por uma série de impactos negativos para diferentes setores da sociedade. Da saúde à política, a circulação de informações de origem duvidosa carrega a responsabilidade de desencadear conflitos e caos. A exemplo disso, a desconfiança da população sobre a eficácia e segurança de vacinas. Assim como no tema da saúde, o mesmo efeito está acontecendo em vários outros temas, como no caso da pauta socioambiental e mudanças climáticas.
Pensando nisso, o Projeto Enraizado na Confiança tem buscado fortalecer os ecossistemas de comunicação que favoreçam a circulação de informações confiáveis, realizando atividades de escuta e engajamento das comunidades sobre como as notícias falsas chegam nos territórios, quais os rumos e desconfianças geram, e capacitando agentes locais para combater essa desinformação, ou as chamadas fake news. Na região, o projeto atua em um processo de resposta à ‘infodemia’, buscando potencializar as redes de comunicação existentes para que se tornem mais seguras e saudáveis.
O ponto de partida do projeto em Santarém foi ouvir moradores dos Territórios Tupinambá, na Aldeia Muratuba – região da Resex Tapajós Arapiuns e Vila Brasil no PAE Lago Grande. Durante as oficinas os próprios moradores indicaram os principais rumores que circulam nas comunidades. Ao mesmo tempo, agentes locais orientados pela Internews e pelo PSA utilizaram aplicativos para sistematizar e categorizar essas informações.
O resultado da pesquisa foi socializado em novas oficinas com a juventude e comunitários locais. O estudo identificou a presença da circulação de notícias falsas e desinformação sobre temas ligados ao modo de vida das comunidades, meio ambiente e mudanças climáticas, explicou Thais Isabelle Oliveira, facilitadora da pesquisa: “A gente constatou que fake news disseminadas em 2021/2022 ainda são fortes no território e uma delas é a de que o PAE Lago Grande não produz nada e até hoje repercute negativamente no território”.
A pesquisa detalha como essas informações chegam às comunidades, como são disseminadas e de que forma afetam as mudanças climáticas e segurança alimentar das populações envolvidas. A partir dos resultados, novas oficinas foram promovidas para produção de conteúdos multimídias (áudios, fotos, vídeos e texto), com o objetivo de abordar temas delicados e necessários para esclarecer os moradores dessas regiões. “Por meio dos conteúdos levantados, foram produzidos podcasts, vídeos e vinhetas relacionadas à temática”, explicou Oliveira.
Sabrina Costa, responsável pela atividade, destacou a necessidade da criação de conteúdos responsivos aos rumores com a própria linguagem da comunidade. “Essas atividades no território Tupinambá (Resex Tapajós Arapiuns) e na Vila Brasil (Pae Lago Grande) objetivaram socializar os resultados da pesquisa sobre mapeamento de rumores e fake News nos territórios e também apresentar aos comunitárias participantes os materiais informativos construídos coletivamente durante as oficinas de produção de conteúdo responsivo a rumores.
Fotos: Elis Lucien, Sabrina Costa e Walter Kumaruara.