O Programa de Infraestrutura Comunitária do Projeto Saúde e Alegria promoveu encontro com organizações de base e instituições parceiras para mobilizações de implementação das tecnologias sociais para acesso à água e banheiros
O Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA), a Organização da Resex Tapajós Arapiuns (TAPAJOARA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), a Sociedade, Meio Ambiente, Educação, Cidadania e Direitos Humanos (SomecDH) e o Projeto Saúde e Alegria se reuniram nesta quinta-feira (01), para iniciar as mobilizações do programa Cisterna na região.
A intenção do encontro foi pactuar novas etapas do processo de construção nas comunidades e atualizar sobre o levantamento feito junto às organizações em 2023, para seleção das comunidades selecionadas. “Nessa etapa há toda uma articulação, com as prefeituras, secretarias municipais de Santarém e Aveiro, para que a gente possa chegar no levantamento de famílias que vão ser atendidas por cada comunidade indicada inicialmente”, explicou a coordenadora do Programa, Jussara Batista.
Treze comunidades da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns localizadas nos municípios de Santarém e Aveiro, receberão investimentos de quase nove milhões de reais. A iniciativa irá beneficiar diretamente nesta primeira etapa, mil e quinhentas pessoas de 339 famílias com tecnologias sociais de acesso à água, conforme as necessidades de cada um dos territórios contemplados. Serão implementadas as seguintes tecnologias: 07 – Sistema pluvial multiuso comunitário; 08 – Sistema pluvial multiuso autônomo; 24 – Sistema pluvial multiuso autônomo com serviço de acompanhamento familiar para inclusão social e produtiva; e 25 – Sistema pluvial multiuso comunitário com serviço de acompanhamento familiar para inclusão social e produtiva. Um segundo edital será lançado neste ano e atenderá novos territórios.
As comunidades Jururá, Pinhel e Anduru (Aveiro) e Pau da Letra, São Tomé, Mirixituba, Vista Alegre, Pajura, Mapirizinho, Anumã, Americano, São Sebastião e Nova Vista do Arapiuns (Santarém), conquistarão sistemas de abastecimento, componentes para captação de água de chuva e banheiros.
No encontro desta quinta-feira, foram pactuados futuros passos da estratégia de construção dos sistemas, ressaltou a coordenadora de projetos da SomecDH: “Estamos numa etapa de aproximação com as comunidades, conhecendo as lideranças, entendendo como funciona esse processo dentro da gestão. Esse momento é um diagnóstico dos atores sociais e aí nós temos como etapa seguinte o encontro territorial, o encontro regional, onde nós vamos trazer, além desses atores das comunidades que serão beneficiadas”. A partir dessas agendas, serão montados os cronogramas de visita para a realização do diagnóstico de cada família.
Para implementar os sistemas de água, o PSA utiliza a metodologia do processo de capacitação que inclui espaços de formação e informação, contemplando, temas voltados ao cuidado e tratamento da água para consumo humano, levantamento de doenças relacionadas ao saneamento, relação entre saneamento, ambiente, higiene e saúde e oficinas para manutenção de todos os componentes que compõem a tecnologia.
As obras devem ser concluídas até 2026 e animam as organizações de base como o CITA. A coordenadora Margareth Maytapu comentou sobre a alegria em ter treze aldeias e comunidades tradicionais da área da Resex contempladas na iniciativa: “dá fortalecimento porque muitas das nossas aldeias e comunidades não têm esse acesso à água potável e ainda tiram do rio e dos igarapés para o consumo”. A liderança destacou ainda o comprometimento do público nos processos de formação e construção das tecnologias: “essa contrapartida vai ser no acompanhamento dessas implantações nas aldeias e também as comunidades e aldeias vão contribuir também dando suporte, principalmente na condução do material que vai chegar nas comunidades”, garante.
O saneamento básico é uma prioridade para o Projeto Saúde e Alegria que, ainda na década de 80, identificou através de seu médico fundador, Eugênio Scannavino, uma série de doenças ligadas à veiculação hídrica e falta de condições básicas de higiene em comunidades da Amazônia.
Desde lá, o PSA tem implementado sistemas de água e saneamento. Entre os anos de 2018 a 2021 foram implementadas 1.239 tecnologias sociais de acesso à água por meio do Programa Cisternas, dessas, 775 previam também a instalação de banheiros. Beneficiando comunidades dos municípios de Santarém, Belterra e Itaituba, impactando diretamente 3.100 pessoas com acesso à banheiros e esgotamento domiciliar e sanitário.