Visitas à aldeia Puyanawa, em Mâncio Lima, e ao Seringal Floresta, em Xapuri, no Acre, marcam a conclusão do diagnóstico da Rede Floresta Digital

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Viagens aos territórios foram realizadas por pesquisadoras do projeto liderado pela DW Akademie e Projeto Saúde e Alegria, que leva conexão a territórios da Amazônia

Em uma jornada marcada por trocas de saberes e fortalecimento comunitário, o Projeto Saúde e Alegria e a DW Akademie realizaram suas últimas visitas de diagnóstico no Acre, nos territórios da Aldeia Puyanawa, em Mâncio Lima, e no Seringal Floresta, em Xapuri. As atividades, que integraram o Floresta Digital (FD), destacaram a resiliência das comunidades locais e a importância da tecnologia aliada à preservação cultural e ambiental.

Na Aldeia Puyanawa, a equipe do projeto foi recebida com entusiasmo por jovens, mulheres e lideranças indígenas. Sob a bênção do cacique, o diálogo inicial abordou temas como redes comunitárias, comunicação centrada nas comunidades e conectividade significativa. “Foi um momento de resgate da cultura e ancestralidade do povo Puyanawa, onde os participantes puderam mapear suas principais demandas, fortalezas e sonhos.”, relatou Adriane Gama, pesquisadora do Projeto Saúde e Alegria. A metodologia da Mandala dos Saberes permitiu que os participantes refletissem sobre suas realidades e traçassem estratégias para o futuro.

Aldeia Puyanawa, em Mâncio Lima. Foto: Adriane Gama/PSA.

Um dos destaques da visita foi o Projeto Casa Digital, coordenado pela jovem comunicadora indígena Carol Puyanawa. A iniciativa busca ampliar a visibilidade de empreendimentos locais, como o artesanato e o Festival ATSÁ, por meio da gestão autônoma de tecnologias. “A Casa Digital será extremamente útil para intensificar o empreendedorismo local, especialmente para as mulheres, que são a maioria nas atividades da aldeia”, afirmou Mirkellechele Puyanawa, artesã da comunidade. Ela destacou ainda que os equipamentos, como drones e câmeras, serão essenciais para monitorar o território, identificar novas espécies e combater focos de incêndio.

Carol Puyanawa, coordenadora do Projeto Floresta Digital no território Puyanawa, destacou a importância da conectividade para o desenvolvimento local. “Queremos criar uma rede comunitária e um ponto digital que ofereça serviços e fortaleça nossa comunicação interna e externa”, explicou. Ela enfatizou que a iniciativa vai impulsionar a comercialização de produtos como a farinha de mandioca e o artesanato, além de promover o turismo de base comunitária. “A Casa Digital também será um acervo de registros e documentos, um espaço de pesquisa para estudantes e jovens da comunidade”, completou.

Já no Seringal Floresta, na reserva extrativista Chico Mendes, a equipe conheceu histórias de luta e resistência pela floresta em pé, ilustradas por figuras como o ativista Raimundão Mendes. A visita também permitiu conhecer o Ateliê da Floresta, um espaço de beneficiamento de madeira que simboliza a união entre preservação ambiental e geração de renda. No entanto, os moradores relataram desafios como a crise hídrica, políticas públicas inoperantes e conflitos socioambientais. “Essa é uma região rica em biodiversidade, mas que enfrenta grandes desafios. A união das comunidades e o fortalecimento das redes comunitárias são essenciais para superá-los”, ressaltou Adriane Gama.

Seringal Floresta produzindo mandala de saberes. Foto: Luiza Cilente/DW.

Rogério Mendes, do Seringal, ressaltou: “A gente precisa buscar esse fortalecimento com as pessoas que moram dentro da reserva, né? Buscar esse conhecimento que a gente tem de legado de defesa do nosso território que é pra gente ter mais força, né?” Ele também destacou que é essencial ampliar a comunicação, considerando que muitas famílias ainda não compreendem totalmente o significado da reserva, suas normas e o plano de uso. Segundo ele, iniciativas como a integração digital e o intercâmbio entre comunidades podem agregar valor e união ao trabalho coletivo.

A importância é tão grande para a nossa comunidade que traz uma visibilidade maior para a nossa produção. Além de trazer também acesso à internet e meios de comunicação para os povos da floresta […] Essa conexão vem trazer visibilidade na nossa produção, como a castanha, a seringa. Mais ainda, agora a gente tem um novo empreendimento dentro da nossa comunidade, que se chama o Ateliê da Floresta. A gente está aproveitando os resíduos, que são as madeiras que estão caídas na floresta. A gente consegue trazer para o nosso ateliê e transformar em artes. Eu chamo de arte extrativista. Então, é muito importante a gente sempre estar buscando fortalecer a nossa comunicação, fortalecer os meios de produção que a gente tem. E mostrar para o mundo que a reserva, pode sim viver com a nossa floresta em pé. Trazer e mostrar para o mundo que a nossa floresta, a nossa Amazônia, ela tem sim o valor em pé. Então, esse é um projeto que veio na hora certa para desenvolver o nosso território. E a gente fica muito feliz de fazer parte disso” – Rogério Mendes.

As visitas encerraram uma fase colaborativa do Floresta Digital, consolidando um mapeamento comunitário que norteará as atividades do projeto nos próximos dois anos. “Agradecemos imensamente a todos os nove territórios visitados. Essas vivências reforçam a importância do empoderamento das mulheres e da determinação das comunidades em fortalecer suas redes e empreendimentos”, concluiu Adriane Gama.

Fotos da galeria: Adriane Gama e Luiza Cilente.

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