Comunidade Tapará Miri sediou intercâmbio que reuniu jovens de oito comunidades e de seis instituições. Encontro participativo discutiu reflexos das mudanças climáticas nas regiões da Amazônia
Ao ritmo de carimbó das Suraras e com espetáculo do Gran Circo Mocorongo, jovens de comunidades de várzea e da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns participaram da primeira edição da vivência formativa em território de várzea. O objetivo do encontro organizado pela Sapopema e Projeto Saúde e Alegria (PSA) no âmbito do Projeto VAC Tapajós, foi promover o intercâmbio entre a juventude das comunidades para fortalecer a apropriação do tema aos atores mais impactos por essas transformações do clima. “Escassez do pescado, dificuldade de acesso, aumento das temperaturas são reflexos das ações humanas. As mudanças climáticas não acontecem por acaso. Esse momento de integração é um momento educativo em que a gente dá continuidade a processos de formação socioambiental da sociedade”, explica a professora da Ufopa, Socorro Pena.
Por meio de desenhos, os participantes indicaram quais as maiores dificuldades potencializadas pela alteração do clima nas suas respectivas comunidades. A intensificação do fenômeno das terras caídas, calor intenso e impactos na pesca foram algumas das situações apontadas nas ilustrações que foram expostas à margem do rio Amazonas. A dinâmica incluiu exposição das obras e explicação de cada ilustração.
Uma experiência importante para multiplicadores, como a professora da comunidade Aracampina (PAE Ituqui), Jaqueline Mota, que fez planos para usar o conhecimento na sala de aula. “Pra mim é um grande aprendizado como professora de matemática e ciências. Vou poder explicar para os meus alunos o conceito sobre mudanças climáticas”.
O momento foi importante para concluir mais uma etapa da jornada de fortalecimento das iniciativas nos territórios amazônicos, que contemplou as capacitações para 1) produção audiovisual; 2) produção de texto para redes sociais e 3) tecnologias digitais e que contou com a representação das comunidades Santa Maria, Costa do Tapará, Pixuna do Tapará, Tapará Grande, Tapará Miri, Aracampina, aldeia Solimões e Suruacá.
“Depois de vários seminários e debates, estamos indo para as bases para engajar as comunidades nas discussões. Uma das formas que a gente tem encontrado é estimulando as produções audiovisuais da comunidade em narrativas em que as próprias comunidades podem falar o que estão sentindo das mudanças climáticas. Essas vivências nos territórios são intercâmbios entre regiões diferentes de Santarém”, explicou o coordenador de Educom do PSA, Fábio Pena.
Vídeos produzidos no concurso #Temudancaclimaticaaqui foram exibidos e premiados nas categorias maior repercussão [1º, 2 e 3º lugar] e melhor narrativa. “É muito bom a gente estar junto de novo pra celebrar o fim de um ciclo. Não foi uma competição, foi uma forma de interagir e conhecer melhor o território do outro e ver que não importa o lugar, tem mudança climática em todo ambiente”, avaliou a estudante da comunidade Tapará Miri, Júlia Vitória.
A iniciativa, que faz parte da estratégia de capacitação para empoderamento de jovens de comunidades tradicionais, ribeirinhas e indígenas da Amazônia, integra as ações da coalizão Vozes do Tapajós pela Ação Climática Justa e do Projeto Águas do Tapajós (TNC). Conta com a parceria do Projeto Saúde e Alegria, Fundação Avina, TNC Brasil, Ufopa, Mopebam, Colônia de Pescadores Z-20, Semed e com a presença do STTR-STM, CITA, Suraras.
“Ficamos muito felizes e agradecidos por esse momento tão especial e rico na comunidade. O que aconteceu no encontro foi uma grande oportunidade para estimular os jovens à produção audiovisual sobre seus saberes tradicionais. Aproveitamos para agradecer ao envolvimento de todas as instituições parceiras que puderam contribuir para esse momento”, avaliou Samela Bonfim, responsável pela organização do encontro.