Unidades compreendem atendimento laboratorial e farmacêutico para que os indígenas não precisem se deslocar às cidades, se expondo ao risco de contaminação da covid-19;
Estão chegando nesta última semana de setembro ao Distrito Sanitário especial Indígena – DSEI de Itaituba, equipamentos para os laboratórios que atenderão pacientes que necessitem de monitoramento laboratorial. A iniciativa é uma linha de ação do Projeto Saúde e Alegria para promover qualidade na atenção prestada para os povos indígenas, explicou o médico Fábio Tozzi: “As equipes de saúde indígena que fazem atenção de saúde para as aldeias mundurukus, não contavam com suporte de laboratório próximo dessas aldeias. Com essa iniciativa, terão métodos laboratoriais para acompanhar adequadamente os pacientes, não somente no combate à Covid-19 como também para qualificar a assistência às gestantes (sobretudo o pré-natal), aos idosos, aos hipertensos, no acompanhamento das diabetes, doenças endêmicas, urgências e emergências”.
Frente às longas distancias amazônicas, dificuldades de transportes e comunicação, os laboratórios remotos financiados com apoio da União Amazônia Viva e Fundo Casa permitirão ampliar os serviços de atenção primária indígena e aumentar as condições locais para a resolutividade dos atendimentos a partir da viabilização de exames nas próprias aldeias, sejam de sangue, urina, fezes, entre outros, destacou o coordenador do PSA, Caetano Scannavino.
Serão montados dois laboratórios em pontos distantes e estratégicos para dar suporte aos pacientes indígenas de áreas mais isoladas, visando contemplar emergencialmente o atendimento à pandemia junto aos povos Munduruku, assim como alavancar de forma mais permanente a qualidade da atenção primária a estas populações, realizada pelas equipes multidisciplinares do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Aproximadamente 9 mil indígenas Munduruku da região do Alto Tapajós serão beneficiados através dos dois polos: 1) Polo de Cobertura da BALSA DE SERVIÇOS ITINERANTES do DSEI (Missão Cururu, Restinga, Santa Maria, Teles Pires, Waro Apompo) e 2) Polo da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) KARAPANATUBA (Caroçal do Rio das tropas, Katô, Sai Cinza).
Para a liderança, Alessandra Korap Munduruku, as unidades cumprem um importante papel para evitar que indígenas saiam de suas aldeias: “Quando os indígenas começam a passar mal, ficar sem ar. Com esse laboratório não precisa o indígena sair pra cidade, facilita ele ficar se curando dentro da aldeia sem precisar ficar saindo. O equipamento chegando a gente fica mais feliz ainda porque nosso parente não precisa ser deslocado e se curar dentro da aldeia”.
Integram os labs os seguintes itens: Agitador de Kline, Agitador de Tubos tipo Vortex, Agitador Para Tubos, Hemograma(Homogenizador), Analisador Bioquímico Semiautomático, Banho Maria Digital, Centrífuga Para Laboratório Tubos de 15 mL, Estufa de Esterilização e Secagem Analógica, Fotômetro de Chama, Micropipeta Monocanal Volume Variável, Microscópio Biológico Binocular E-200, Contador Digital de Células Sanguíneas 1, Estantes Para Tubos De Ensaio, Garrote Adulto – Cinta Elástica Com Trava 2, Garrote Infantil – Cinta Elástica Com Trava 2, Pipeta de Westergreen (VHS), Suporte para pipetas Westergreen (VHS) 1, Câmaras de Neubauer Espelhada 5, Pipetas Pasteur Descartável 5 mL pct/500 1, Ponteira – 10 ul sem Filtro de 0 a 250 mi pct/1000, Tubo De Ensaio de vidro Transparente 12 X 75 mm 5 mL, Tubo De Ensaio de vidro Transparente 15 X100mm 10 mL, Tubo para Centrífuga Fundo Cônico 15 mL 30, Tiras teste para Urinálise cx/100 tiras 5, Kit Tipagem Sanguínea (Soros Anti-A, Anti-B, Anti-D (Fator Rh) – 10 mL), Kit Panótico Corante Rápido, Kit Conjunto Coloração de Ziehl-Neelsen, Auto Clave 42 litros.
Apoio aos Mundurukus
Desde maio a campanha #ComSaudeeAlegriaSemCorona tem apoiado os indígenas com kits de pesca, higiene e cestas de alimentação visando reduzir a necessidade de deslocamento para cidade e riscos de novas contaminações. Diversas ações foram realizadas com o apoio do Instituto Arapyaú, Fundo Canadá e Fundo Casa para ampliar o suporte às populações desse território.
“Essa campanha está baseada num amplo quadro de alianças. A gente vem dando suporte a Secretaria Especial de Saúde Indígena, Dsei Rio Tapajós, as organizações de base como a Associação Pariri dos Povos Mundurukus. Isso é importante porque a gente acaba fazendo todo um trabalho de ação conjunta com eles fazendo uma seleção das situações de maior vulnerabilidade, para priorizar áreas, aldeias e famílias, sobretudo mulheres distantes, mães solteiras para receber esses benefícios” – acrescentou Scannavino.
Segundo a enfermeira especialista em saúde indígena e saúde coletiva, Coordenadora do Distrito Sanitário especial Indígena – DSEI, Cleidiane Carvalho a preocupação em garantir a prevenção nesses territórios continua e as parcerias são fundamentais: “E o Saúde e Alegria tem sido grande parceiro, a gente tem trabalhado em conjunto. O Dsei Rio Tapajós tem 13.496 indígenas localizados em cinco municípios diferentes.” – esclarece.
Em breve, os indígenas das aldeias do Médio Tapajos serão também beneficiados pelo PSA com infraestruturas adaptadas de saneamento básico como banheiros e sistemas de abastecimento de água movidos a energia solar. Além de representar um grande avanço rumo a qualidade de vida dos indígenas, é também uma forma de ampliar a prevenção à covid-19. “O projeto que está sendo instalado no médio Tapajós vai trazer a saúde para os indígenas, para que deixem de consumir água suja, só lama. Vai beneficiar bastante as comunidades” – ressaltou Munduruku.