A formação profissional passa por várias fases, mas ela é apenas o pontapé para tantas outras experiências na jornada no mercado de trabalho. Em 1995, após se formar na Escola Técnica de Castanhal, um jovem de Monte Alegre nem imaginava que poderia impactar comunidades no Baixo Amazonas com a experiência adquirida na sala de aula e nas experiências diárias trabalhando com ONGs.
O técnico em agropecuária Márcio Cunha, que coordena a assistência do Projeto Saúde e Alegria, passou a integrar as equipes em 2020. Ele tinha voltado à região a trabalho em outra instituição, conhecia as comunidades como a palma da mão. Com o tempo passou a acompanhar um pouco mais das ações desenvolvidas pelo PSA com os povos tradicionais e ribeirinhos.
Com quase 30 anos de experiência na área de assessoria técnica, Márcio foi convidado pelo Saúde e Alegria para executar serviços com famílias atendidas na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. O maior desafio foi assumir essa responsabilidade em meio a maior crise de saúde dos últimos tempos: a pandemia de Covid-19.
Inicialmente, para manter seguros os moradores na comunidade, as ações foram de planejamento interno. Os primeiros passos foram dados e os resultados começaram a chegar às comunidades, principalmente no fomento de renda.
“Sabemos que as comunidades têm potencial e recursos para melhoria da qualidade de vida para quem vive nas reservas e nas comunidades tradicionais. A gente deixa os resultados para as comunidades”, destacou.
O trabalho de Márcio vai além da assessoria técnica. É preciso conhecer as peculiaridades de cada lugar, das pessoas, e transformar essas informações em práticas que respeitam a floresta. Esse trabalho em campo é fundamental para discussão de estratégias, capacitação de novos técnicos e planejamento e acompanhamento das famílias.
Dentro das comunidades existem pequenas criações de animais, manejo de abelhas e restauro de áreas degradadas onde, hoje, são cultivadas diversas culturas para subsistências e venda no comércio em Santarém.
“O Saúde e Alegria é um projeto mais amplo, tem muitas linhas de ações, claro que tem sua linha de saúde muito forte. Estamos cada vez mais buscando ampliar esse leque de atividades”, disse Márcio.
Formada por 15 profissionais de diversas áreas, a equipe de assistência técnica trabalha lado a lado com os comunitários em ações pontuais e estratégicas dentro do Centro Experimental Floresta Ativa – CEFA, principalmente com a implementação dos Sistemas Agroflorestais, que é a conciliação das produções de alimentos e o melhor aproveitamento da terra, envolvendo a cadeia produtiva das próprias comunidades.
As famílias foram selecionadas e com cada uma foi feito um estudo de viabilidade de produção respeitando a cultura local. Com base nas informações, os planos foram viabilizados e colocados em prática com os SAFs, que hoje representam alimento na mesa e alternativa econômica para 33 famílias de cinco comunidades e duas aldeias.
“Tem todo esse leque de assistência técnica que é um dos componentes do Floresta Ativa. Outro componente é a água e energia. Paralelo a isso nós temos também um trabalho com fortalecimento do empreendedorismo rural, e temos outra linha que perpassa por isso que é o turismo”, explicou Márcio.
Márcio contribui, ainda, com a formação de novos técnicos dentro das próprias comunidades. As capacitações e treinamentos ocorrem no núcleo de assistência técnica do CEFA, na comunidade Carão. A cada novo profissional formado as equipes têm a certeza que o conhecimento será ampliado para outras famílias.
O acolhimento das comunidades aos projetos propostos e a celebração dos resultados motivam ainda mais o técnico em agropecuária a pensar em novas ações junto ao Projeto Saúde e Alegria.
“Não é só ter um ambiente bom de trabalho, mas ter componentes que façam esse ciclo girar. O Saúde e Alegria tem esses elementos que nos ajudam em toda estratégia que a gente está desenvolvendo para trazer resultados tanto para instituição quanto para as comunidade”, ressaltou.
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Eu sou Saúde e Alegria é um podcast com histórias de pessoas que lutam pela cidadania e pela floresta em pé em comunidades da Amazônia paraense. Uma campanha em comemoração aos 36 anos do PSA. Os episódios são lançados toda sexta-feira.
- Reportagem: Geovane Brito
- Apresentação podcast: Priscila Castro
- Mixagem podcast: Raik Pereira
- Artes: Vanessa Campos
- Captura, edição audiovisual e fotos: Priscila Tapajoara
- Coordenação editorial: Samela Bonfim
- Coordenação Geral: Fabio Pena
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