Evento reuniu comunidades da Resex Tapjaós Arapiuns em debates sobre pautas climáticas, políticas e de defesa dos territórios
Confraternizar em torno de uma fogueira e comer peixe assado é a piracaia dos povos da Amazônia, mas o significado desse momento foi ampliado ao ser realizado na comunidade Anã, na Resex Tapajós-Arapiuns, o Festival Piracaião – da Amazônia para a Amazônia. O evento reuniu centenas de comunitários em torno de discussões sobre qual Amazônia queremos e quem são os protagonistas dessa luta.
O festival aconteceu de 1 a 6 de setembro para conectar forças e lutas em defesa da Amazônia de pé. A participação de jovens ribeirinhos, quilombolas, indígenas e de populações tradicionais evidenciou de quem são as vozes nas pautas sobre clima, território e política.
A programação diversificada contou com rodas de conversas, dinâmicas, vivências e imersões, além da criação de uma carta de compromisso, lida ai final do encontro. Os jovens protagonistas amazônidas aproveitaram os dias do Piracaião para produzir conteúdo para as próprias comunidades, democratizando a participação de outras pessoas no festival.
“É um festival dentro da floresta, dentro da Amazônia, para mobilizar a juventude para juntos entendermos sobre a conjuntura do nosso país e também sobre a conjuntura real do nosso território e da importância do seu papel dentro dessas tomadas de decisões”, explicou o Valter Kumaruara, idealizador do Coletivo Jovem Tapajônico, organizador do festival.
Um dos pontos altos durante o Piracaião foi um banner humano no dia da Amazônia, celebrado no dia 5 de setembro. Com os próprios corpos, dezenas de jovens criaram às margens do rio Arapiuns a mensagem “Somos Amazônia”, como grito de pertencimento, resistência e luta em defesa da vida e da preservação dos territórios.
O Festival do Piracaião foi desenvolvido pelo Coletivo Jovem Tapajônico, que atua na multiplicação de informações e formação dentro das comunidades da Resex. O evento contou, ainda, com a participação do Instituto de Estudos de Religião, TuriArte, Projeto Saúde e Alegria e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém.
“É uma referência para essa juventude, vem ensinando coisas boas para os jovens e para nós adultos sobre as mudanças climáticas. A gente não tinha uma informação sobre o que era e o que poderia acontecer se a gente não tratar da nossa reserva para ter uma floresta em pé. Vamos aprendendo, aprimorando cada vez mais, o que é repassado pra gente”, avaliou o presidente da associação da comunidade Anã Vicente Imbiriba.
Para Valter, o Piracaião oportunizou a participação das pessoas que não conseguem ir para eventos em grandes centros. “Como juventude que mora dentro da floresta tem toda uma logística para poder chegar nesses locais, e hoje a gente consegue trazer um festival para dentro da Resex que é a cara dessa juventude”, destacou.
Texto: Geovane Brito para o Saúde e Alegria.
Foto de destaque: Ananias Siqueira Andrade | Edição de imagem: Vanessa Campos