Comunidades da Flona Tapajós, Lago Grande e Resex Tapajós Arapiuns produzem mudas destinadas ao reflorestamento e geração de renda
O desmatamento na Amazônia segue sendo sinal de alerta para o equilíbrio do bioma. Apesar de indicadores já apontarem diminuições nos números (500 km² de área degradada em julho deste ano, contra 1.487 km² em julho de 2022), é preciso recuperar áreas desmatadas e oportunizar que essas regiões se tornem fonte de renda para populações indígenas, originárias e tradicionais.
O Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria tem apoiado comunidades e aldeias no fortalecimento de sete viveiros que recebem assistência técnica regular. Atualmente, cento e dez produtores das comunidades Nova Vista do Arapiuns, Carão, São Francisco, Carariacá, Surucuá, Aldeia Vista Alegre do Capixauã e Jaguarari, situadas na região do Lago Grande, Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns e Floresta Nacional do Tapajós nos limites dos municípios de Santarém e Belterra, participam da iniciativa.
Juntos, produziram somente este ano, mais de setenta mil mudas florestais e frutíferas com destaque nas espécies andiroba, cumaru, cupuaçu, cacau, graviola e café. Os viveiros recebem cuidados para que possam produzir com qualidade e de forma orgânica – sem uso de agrotóxicos. Neles são manejadas espécies de cultivos com potencial de geração de renda para que os produtores possam alavancar o comércio local.
Das mais de 70 mil mudas produzidas, cerca de 56 mil já foram distribuídas entre os produtores e plantadas nos respectivos territórios, explica o coordenador de Assistência Técnica do PSA, Márcio Cunha: “80% foram distribuídas para as famílias que estão sendo assistidas pelo Floresta Ativa através da implantação de SAFs e enriquecimento dos quintais”.
Dos sete viveiros, dois já estão regularizados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os demais estão em processo de regularização. Há previsão da implantação de mais dois ainda em 2023.
“Era muito difícil antigamente. Aqui nós trabalhamos com espécies de cacau, cupuaçu, andiroba e outras mudas e a gente quer trabalhar com todas para ter melhoria de vida e focar nas que podem nos dar renda” – Vanderson Magno, comunidade Nova Vista.
Esse trabalho tem garantido o bom manejo dos recursos naturais de seus territórios e a manutenção da floresta em pé. Tomasia Cardoso da comunidade Nova vista do Arapiuns, conta que está muito satisfeita com o acompanhamento técnico. O viveiro dela tem produzido mudas para melhorar a produção a partir dos apoios do Saúde e Alegria: “Nós conseguimos nosso poço com água e isso nos ajudou muito e cada dia mais estamos produzindo mais para levarmos para os nossos quintais. Isso aqui veio nos beneficiar muito e esperamos que daqui possamos usufruir dos nossos plantios. Graças a Deus que enviou esses técnicos para nos ajudar e essa cooperativa. Para nós é muito importante na nossa comunidade”, comenta.
No viveiro central, localizado no Centro Experimental Floresta Ativa, na comunidade Carão, região da Resex Tapajós Arapiuns, são produzidas mudas coletivamente em puxiruns semanais. Os moradores ajudam a produzir as espécies e quando estiverem aptas ao plantio nos respectivos quintais produtivos, receberão conforme sua demanda, explica o coordenador geral do viveiro, José Ivanildo da comunidade Mucureru. “Aqui plantamos todos os tipos de espécies. A gente faz o trabalho todas as quintas-feiras com as comunidades. A participação está indo bem, temos muitas plantas. Todas as mudas vão para os SAFs, onde cada produtor vai pegar entre 50 e 100 mudas conforme o tamanho da sua área”.
O Programa Floresta Ativa conta com o apoio do Fundo Amazônia e Good Energies para para implementar as ações de ATER.