Reunião com representantes da Universidade Federal do Oeste do Pará, Saúde e Alegria, Conselho Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde nesta terça-feira (3) definiu responsabilidades de cada parceiro para revitalizar o barco hospital que deve começar a operar neste mês de março nos rios da região;
Prevista para o dia 16, a primeira viagem do Barco Hospital Abaré será com uma unidade reformada e estrutura revitalizada para atender as populações ribeirinhas da Amazônia. Possibilitando saúde para moradores de comunidades isoladas há 14 anos, a embarcação necessita periodicamente passar por manutenções e reformas para garantir a segurança da navegação e dos procedimentos realizados no interior da UBFS. “É um barco que começa a mostrar os sinais da idade como é normal, e esses sinais em termos de gestão, significa disponibilização de recursos para manter a qualidade no atendimento” – contou o médico da Ufopa, Fábio Tozzi.
Em uma reunião realizada na sede do Projeto Saúde e Alegria nesta terça-feira (3), os órgãos discutiram sobre as necessidades da embarcação e dos trâmites legais para que esteja apta as expedições. “Limpar, lavar, esterilizar, aferir equipamentos, completar o que está faltando, trocar freezer, ar condicionado, estabelecer procedimentos de trabalho. Foi feita uma lista de necessidades urgentes para que o Abaré pudesse estar revitalizado pra voltar as águas e cumprir o calendário 2020 e cada um tem sua parcela de contribuição. O Saúde e Alegria entrou com troca de piso, limpeza, materiais […] Estamos nas finalizações pra que a gente tenha a visita da vigilância sanitária e consiga o alvará pra 2020 e com isso já no dia 16 sair a primeira viagem do Abaré” – explicou o médico e fundador do PSA, Eugênio Scanavinno.
No dia 15 de janeiro, Ufopa e Semsa assinaram os Termos de Acordo e de Compromisso sobre o N/B Abaré I durante uma reunião no Conselho Municipal de Saúde de Santarém. O encontro antecedeu vários outros na articulação para revitalizar a unidade fluvial: “Discutir o tema de parceria que é renovada anualmente com a secretaria Municipal de Santarém, onde nós definimos o que cada instituição poderá fazer de melhor para que o barco continue funcionando” – disse o médico Fábio Tozzi da Ufopa.
Durante a reunião, ficou acordada a responsabilidade de cada instituição. “A Universidade como detentora da propriedade do Barco se compromete com vários itens […] a questão da manutenção da parte náutica, fica sob a responsabilidade da Ufopa, porém todo o material de consumo, como lubrificante, óleo diesel e insumos de saúde e recursos humanos é de competência do município já que ele recebe recursos do fundo federal de saúde pra realizar as atividades”.
O Abaré
O navio-hospital Abaré começou a navegar nas águas do Rio Tapajós em 2006 através do Projeto Saúde e Alegria (PSA), em parceria com as prefeituras locais e com apoio da ONG holandesa Terre Dês Hommes (TDH), então sua proprietária. Nesse primeiro contato, foram aproximadamente 15 mil ribeirinhos de 72 comunidades das áreas rurais dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro que passaram a ter acesso regular aos serviços básicos de saúde, com visitas a cada 40 dias, percorrendo longas distâncias e chegando em locais praticamente excluídos da rede pública.
Com 93% de resolutividade – apenas 7 a cada 100 pacientes sendo encaminhados para os centros urbanos- a exitosa experiência tornou-se objeto de estudo do Ministério da Saúde, para então lançar em 2010 a política de Saúde da Família Fluvial para levar, através de barcos de atendimento, serviços regulares de saúde e prevenção para brasileiros que vivem em locais isolados.
A partir dela, o ministério faz repasses federais diretos aos municípios da área de abrangência, que giram em torno de um milhão e cem mil reais anuais por embarcação. São destinados para uso exclusivo das unidades de atendimento no apoio às despesas com combustíveis, medicamentos, tripulação, equipe médica, entre outras necessidades.