A Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (ACOSPER), realizou assembleia geral na última segunda-feira (07), onde apresentou relatório de gestão, aprovou o Plano de Trabalho e promoveu a escolha de nova diretoria. Dentre os desafios, está a implementação do Ecocentro
Agroextrativistas estão animados com a implantação de um espaço apropriado para o processamento e a comercialização de itens das cadeias da sociobiodiversidade, dentre eles, mel de abelha, artesanatos, frutas, sementes, óleos e essências vegetais.
As obras para implantação do Ecocentro serão iniciadas em breve, com a Licença Prévia para instalação concedida recentemente à ACOSPER pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santarém (SEMMA).
“O sonho do Ecocentro está mais perto de se tornar realidade”, afirmou Edvaldo Santos, presidente reeleito da Cooperativa: “Depois de muitos estudos, documentos viabilizados, agora com a licença prévia poderemos dar início a sua construção. E temos também nos organizados pros novos desafios que temos pela frente, desde a assistência técnica para melhorar a agricultura familiar, os sistemas agroflorestais, o extrativismo, o manejo, até as questões de beneficiamento, comercialização, negócios”.
A Acosper ampliou o número de sócios, atualmente com 241 cooperados e cooperadas da região, e vem se estruturando para se tornar referência em sociobioeconomia de base comunitária, boas práticas produtivas e geração de renda com a floresta em pé.
Foram estabelecidos polos em quatro regiões: Arapiuns, Tapajós, Arapixuna e Várzea (Pixuna, Santa Maria e Tapará Miri). Os associados estão empreendendo a partir de diversas atividades, como o mel de abelha sem ferrão, pimenta, farinha de mandioca, coleta de sementes (andiroba, cumaru, castanha do pará).
Além de gêneros alimentícios e da expectativa de fornecimento de insumos para a merenda escolar, os extrativistas vem abrindo frentes para atender as demandas do setor de cosméticos (sementes, óleos, manteigas), de vestimentas (borracha para sapatos orgânicos), entre outras potenciais.
Nesse sentido, o Ecocentro será fundamental como polo para o processamento, beneficiamento, armazenamento, escoamento, controle de qualidade e comercialização desses produtos. Estará situado no antigo galpão da Acosper a ser revitalizado, vizinho a sede do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém na rodovia BR 163 (Santarém-Cuiabá).
As instalações serão construídas de forma modular, com previsão de início das operações já em meados deste ano, a partir da parceria da cooperativa com o STTR, o Projeto Saúde e Alegria (PSA), o Imaflora e outras organizações.
O apoio ao Ecocentro é parte do Programa Floresta Ativa, implementado pelo PSA em parceria com as organizações da região. “Nós fazemos um trabalho de apoio à produção e incentivo ao envolvimento na estratégia coletiva dos produtores. Procuramos garantir os investimentos necessários para implantar a unidade de processamento e beneficiamento da produção, assim como a assessoria técnica para gestão da cooperativa no desenho e modelagem dos negócios” – esclareceu Davide Pompermaier, coordenador do Programa.
A Floresta Ativa tem prestado assistência técnica aos agricultores e extrativistas para melhoria da segurança alimentar e da renda familiar, com práticas que aumentam a produtividade, diversificam a produção, recuperam áreas degradadas e reduzem a necessidade de abertura de novas áreas, do uso do fogo e riscos de incêndios florestais. A cada ano, novas famílias se mobilizam para restauração florestal, coleta de sementes, produção de mudas, implantação de SAF’s (sistemas agroflorestais), culturas de quintal, pequenas agroindústrias, manejo para extração não-madeireiros, e criação de abelhas sem ferrão.
“O trabalho nas bases produtivas começou na Resex Tapajós-Arapiuns, depois expandiu para Flona e segue para outros territórios. Com o Ecocentro, poderão agregar valor também ao que produzem a partir de tecnologias de ponta, na ponta. Poderão comercializar polpas, óleos, manteigas, ao invés da fruta ou semente in natura, sem atravessadores, e de forma articulada entre as cooperativas e associações parceiras”, conta Caetano Scannavino, coordenador do PSA. “Já sabemos que açaí, cacau, cupuaçu e outros produtos da sociobiodiversidade podem dar mais dinheiro do que boi. Então, está mais do que na hora de dar escala à economia da floresta, em pé, algo de acordo com as vocações regionais, com os saberes locais, que distribui renda e gera inclusão social” – complementa.
Para os agricultores, o espaço representa uma alternativa de escoamento da produção de forma organizada e com valorização da mão de obra local, explicou a agricultora Naete Silva Mota, da comunidade Enseada do Amorim na região do Tapajós. “Eu acredito que nossos produtos terão sim um mercado, principalmente a gente que trabalha com farinha, mandioca, açaí, andiroba, a gente tem certeza que vai ter um mercado para a gente vender” – conta.
Nova diretoria
Foram eleitos e empossados para a nova diretoria: Manoel Edvaldo – diretor presidente, José Maria de Jesus – diretor vice-presidente, Maria Arruda do Nascimento – diretora tesoureira, Edno Sousa Fernandes – Diretor Secretário, José Ivanildo dos Santos – Conselho de Administração, José Orlando Cardoso – Conselho de Administração, João Gilberto Rebelo – Conselho de Administração e Eucicleide de Melo – Conselho de Administração.
Para o Conselho Fiscal, tomaram posse: Marco Antônio de Sousa Aires, Joelma Lopes, Dioneia dos Santos Pereira, Jadson José Assunção, José Ednaldo dos Santos e Selma Ferreira da Costa.