Painel ‘Lessons Learned from Capacity Building in the Global South do projeto LocNET’, foi parte do 17º Fórum Anual de Governança da Internet, realizado em Adis Abeba, Etiópia, no período de 28 de novembro a 2 de dezembro de 2022
A Escola de Redes Comunitárias da Amazônia desembarcou no Continente africano, onde participou do painel presencial ‘Lições aprendidas com a capacitação no Sul Global do projeto LocNET’, que integrou Escolas de Redes Nacionais do Fórum de Governança da Internet na Etiópia. A iniciativa global, promovida pelas organizações APC, Rhizomatica e Redes A.C., é executada no Brasil pelo Projeto Saúde e Alegria, foi representada pela pesquisadora Adriane Gama que compartilhou as vivências da Escola em um debate com três países africanos e um asiático.
“Foi incrível, pois existem muitas trocas de experiências, informações e estratégias que possam nos inspirar, bem como apontar soluções para várias situações problemáticas, podendo inclusive ser adaptadas a cada realidade local, a fim de contribuir com a garantia de direitos básicos em comunidades que se encontram mais vulneráveis frente a desinformação e governos com ineficazes políticas públicas, como de educação, saúde e conectividade”, ressalta Gama.
Participaram do painel cinco países com projetos de Redes Comunitárias liderados pela APC e Rhizomatica com apoio do Reino Unido: Brasil, Quênia, Nigéria, África do Sul e Indonésia. Para Daniela Bello de Rhizomatica/REDES A. C. do México co-organizadora do painel, o momento foi rico por possibilitar debate entre os representantes das iniciativas. Eles puderam falar sobre suas experiências, desafios e potencialidades. Bello ressaltou a participação de Carlos Baca da Rizhomatica/REDES A.C. e coordenador do programa de formação das escolas de Redes Comunitárias sobre o uso de metodologias participativas. “Esse é um componente importante em que são desenvolvidos programas de formação contextualizados a cada território, e na oportunidade cada rede pôde compartilhar a metodologia usada em sua região”, explica.
O painel discutiu estratégias para conectar comunidades desconectadas por meio do desenvolvimento de modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para populações com foco em assistência técnica, capacitação, assessoria para advocacy e mobilização comunitária. “Nessa conexão foram notados os desafios mais comuns entre esses cinco países, como a violência em espaços digitais, especialmente para mulheres e crianças, falta de infraestrutura e acesso a energia, conectividade. Limitação das línguas originárias com as tecnologias e problemas técnicos e formativos de agentes comunitários”, pontuou Gama.
Por outro lado, a Escola de Redes apresentou as atividades desenvolvidas pelos 21 alunos dos três estados da Amazônia Legal no Brasil a partir da definição de metodologias integradoras baseadas na perspectiva de Paulo Freire, nos princípios da educologia, do software livre e da ética hacker, ressaltou a pesquisadora da Escola. “Com a ideia de promover comunicadores amazônidas, mais engajados, defendendo e potencializando seus territórios em meio a tantas dificuldades. Sou muito grata por representar a nossa escola e dialogar com ativistas de outras redes na África”.
O Fórum abordou ainda questões de política, destacando a importância do treinamento e capacitação de pessoas em comunidades rurais e desfavorecidas para um acesso significativo e universal aos serviços de telecomunicações. Instigou os participantes sobre as lições aprendidas com as experiências e estratégias de formação de técnicos comunitários para o desenho de políticas públicas.
O foco do IGF 2022 foi entender como estão sendo desenvolvidas as ações das primeiras Escolas Nacionais de Redes Comunitárias no Sul Global, com o objetivo de fortalecer a comunidade de aprendizagem entre as escolas e de procurar repercutir em outros territórios para replicar o modelo, bem como junto dos stakeholders que são fundamentais para a consolidação de um ambiente favorável ao desenvolvimento destes espaços formativos.