*Laboratórios Criativos da Amazônia. Crédito: Atelier Marko Brajovic.
Apresentação do Projeto Amazônia 4.0 explicou funcionalidade dos ‘Laboratórios Criativos da Amazônia’ para representações de extrativistas e agricultores em Santarém;
O esgotamento de recursos naturais é um tema que tem preocupado pesquisadores de todo mundo. Em decorrência do desenvolvimento baseado na exploração intensiva do meio ambiente, principalmente por meio da agricultura, energia e mineração, grandes extensões de florestas têm sucumbido. Por isso é mais urgente do que nunca encontrar formas alternativas e eficazes de conservar, sustentar e desenvolver a Amazônia.
Um encontro realizado em 12 de julho no auditório do STTR, contou com a presença do Diretor Científico do Projeto Amazônia 4.0, Ismael Nobre, que explicou a dinâmica do projeto que objetiva a valorização da floresta e seus povos por meio do uso de tecnologias altamente avançadas para beneficiar cadeias produtivas da Amazônia aos moradores de áreas da floresta.
Por meio dos labs, será possível agregar valor às produções das comunidades, aumentar sua renda, conservar e demonstrar o potencial da floresta. Uma das propostas do projeto é implementar uma fábrica móvel de demonstração completa onde entra matéria prima (Cacau ou Cupuaçu) e sai Chocolate embalado para o consumidor para demonstração e capacitação nas comunidades Amazônicas. Os processos de fabricação do chocolate são pensados para usar tecnologias e serão parte da capacitação oferecidas às comunidades.
“O modelo produz toda energia que precisa para funcionar a fábrica de chocolate e água potável para a indústria alimentícia que é mais exigente. Nós trazemos filtros desenvolvidos com alta tecnologia e baratos que tornam a água de qualidade para a indústria alimentícia” – explicou Nobre.
Nesta fase o projeto prioriza as produções a partir da cadeia produtiva do cacau e cupuaçu. “A ideia no futuro é que essas fábricas possam trabalhar com vários produtos que tem na região. Cada salinha cuida de um produto. Conforme você vai aumentando essa produção individual, será possível juntar essas produções” – acrescentou.
Por meio dos laboratórios as comunidades serão capazes de produzir chocolates de forma fácil com ajuda das novas tecnologias e aumentar a renda das famílias, qualidade de vida e proteger a Floresta. O laboratório de cacau e cupuaçu realizará quatro experiências piloto no Pará onde poderão participar todas as pessoas das comunidades escolhidas que tenham interesse. O projeto começa a operar a partir de fevereiro de 2022. Após o processo de capacitação, as comunidades terão apoio durante um ano para criação de negócios e as pessoas terão acesso a uma Escola de negócios da Amazônia online para criação de negócios.
Para a coordenadora da Associação de mulheres trabalhadoras rurais de Belterra (Amabela), Veralicia Pereira, o beneficiamento com alta tecnologia, facilitará a produção unindo conhecimentos tradicionais e novas tecnologias: “Vai ser muito bom porque com a fábrica a gente pode aumentar a nossa produção. O manual fica bem demorado, mas com a fábrica a produção pode aumentar mais e a renda das mulheres” – disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém, Manoel Edvaldo ressaltou a importância dos recursos para somar ao Ecocentro da sociobiosiversidade de Santarém: “É uma proposta inovadora para nós da agricultura familiar. Como nós estamos trabalhando na instalação de uma unidade industrial nas dependências da Acosper, o Ecocentro, vem trazer uma esperança para que a produção da nossa região possa agregar mais valor e ter uma marca da nossa região com a cara da Amazônia”.
O PSA está apoiando a iniciativa e ajudando na logística da visita, bem como na mobilização das comunidades. Nesta fase, tem dado suporte a equipe do projeto no conhecimento do território nos municípios de Santarém e Belterra, consultas e identificação de parceiros locais.
“A Amazônia 4.0 envolve um conceito muito amplo de trazer as tecnologias de ponta e aplicar numa produção econômica, junto com as comunidades mantendo a floresta em pé. Dentro da cultura e sabedoria local e com as necessidades do mercado. A ideia da Amazonia 4.0 é trazer as oportunidades para uma produção econômica com as comunidades” – médico fundador do PSA, Eugênio Scannavino.
“É uma proposta de mostrar que é possível trazer tecnologia de ponta para promover avanço tecnológico para viabilizar a agregação de valor, transformação de produto diretamente na origem junto com os produtores das comunidades locais. A mensagem principal do projeto é que é possível fazer isso com diversos produtos, ainda não valorizados como os óleos vegetais por exemplo. Mas sobretudo que é possível trazer tecnologia para o interior, em comunidades em que as tecnologias se tornam uma ferramenta acessível para populações mais humildes” – coordenador de Programas Econômicos Ambientais do PSA, Davide Pompermaier.
A indústria 4.0 busca salvar a floresta com tecnologia de ponta para melhorar a vida, não somente das populações indígenas mas também das demais comunidades que vivem na região. Para o biólogo, doutor em Dimensões Humanas dos Recursos Naturais corresponsável pelo Projeto Amazônia 4.0, ao lado de seu irmão, o climatologista Carlos Nobre, a parceria com o PSA é crucial para potencializar as ações junto às comunidades: “Essa parceria com o Saúde e Alegria é fundamental para essa empreitada. Essa organização com a comunidade, nós que trabalhamos na parte das tecnologias não temos um alcance na estruturação e preparação da comunidade. Sem esse passo fica muito difícil fazer uma capacitação e depois levar ao desenvolvimento de negócios. Essa parceria pra nós é essencial” – diz Nobre.