Óleo da copaíba se torna alternativa econômica para indígenas mundurukus do Tapajós

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Indígenas do Coletivo Munduruku Poy no alto Tapajós participaram de oficina prática implementada por Programa de Economia da Floresta do Projeto Saúde e Alegria para extração do óleo/resina da copaíba  

A oficina de boas práticas e manejo do óleo/resina de Copaíba realizada no período de 18 e 20 de junho na Aldeia Pratati, região da Terra Indígena Munduruku em Jacareacanga-Pará, reforçou técnicas sustentáveis de extração. O encontro de formação teve como objetivo capacitar os participantes no manejo sustentável da copaíba, destacando a importância da conservação ambiental e social. Durante a programação, membros do Coletivo Poy compartilharam experiências e estratégias para o manejo da espécie que é popularmente conhecida como antibiótico da mata, sendo muito utilizada na Amazônia com fins medicinais.

Além de sessões teóricas sobre as melhores práticas, os participantes também tiveram a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em atividades práticas na trilha de copaíba. A primeira extração de copaíba realizada pelo Coletivo Munduruku Poy marcou o início de uma nova fase de manejo sustentável. A avaliação dos resultados reforçou a importância dessas boas práticas para as aldeias.

Copaíba amplia possibilidades de geração de renda sustentável nas aldeias do Tapajós.

Equipamentos e materiais essenciais foram distribuídos aos indígenas para auxiliar no trabalho em suas comunidades e aldeias. “Um marco significativo da oficina foi a primeira extração de copaíba realizada pelo Coletivo Munduruku Poy, simbolizando o início de uma nova fase de manejo sustentável de produtos no território”, destacou Marlisson Borges, do Projeto Saúde e Alegria.

Primeiro óleo da copaíba extraído na aldeia Pratati, região da Terra Indígena Munduruku em Jacareacanga-Pará.

As atividades práticas incluíram a abertura de caminhos, limpeza ao redor das árvores, corte de cipós e aplicação de técnicas de perfuração, com o uso de equipamentos adequados e medidas de biossegurança. Ao final da oficina, os resultados foram avaliados, consolidando os conhecimentos adquiridos e reforçando a importância das boas práticas no manejo da copaíba para a sustentabilidade ambiental e social das comunidades envolvidas.

Com o início das orientações e acompanhamento técnico para o manejo da copaíba, a expectativa de comercialização do produto aumenta as possibilidades de geração de renda com a floresta em pé. O território possui grande potencial para produção com assistência técnica regular.

Economia da Floresta: cadeias da sociobiodiversidade nas aldeias do Tapajós 

Promover práticas de coleta sustentável preserva a floresta e seus recursos, proporciona alternativas econômicas para as comunidades, desencorajando a participação no garimpo ilegal. Atualmente a coleta da castanha opera como primeira atividade piloto de muitas que virão e se torna uma estratégia-chave para enfrentar o problema do garimpo, protegendo o meio ambiente e fortalecendo as comunidades.

Em 2024, 282 latas de castanha foram coletadas, envolvendo onze de trinta e uma aldeias integrantes da estratégia. Segundo o responsável pelo acompanhamento técnico do PSA, Marlisson Borges, os coletores enfrentaram grandes dificuldades para atender a demanda do mercado da castanha in natura que está aquecida após o período da pandemia. A produção ficou abaixo do esperado na região do Alto Tapajós, mesmo considerando a variação anual da dinâmica da castanha. Alguns fatores podem ter contribuído para a diminuição na produção de sementes, como por exemplo, as consequências das alterações climáticas, como diminuição das chuvas e aumento das temperaturas.

Em 2023, a união de esforços de vinte e três aldeias Munduruku resultou na coleta de quase três mil latas de castanha do Pará, equivalente a aproximadamente 36 toneladas do fruto. A iniciativa é do Coletivo Poy, criado em 2022 pelos próprios indígenas visando estruturar alternativas econômicas sustentáveis, que gerem renda, tragam segurança alimentar, valorizem as culturas locais e mantenham a floresta em pé, em meio a toda degradação, conflitos e consequências da mineração ilegal nos seus territórios.

Além da safra da castanha, estão sendo discutidas estratégias para comercialização de itens pelos indígenas para merenda escolar tradicional indígena e a Copaíba, borracha e agricultura, diversificando a produção, para que os indígenas tenham renda o ano todo, podendo ficar na aldeia.

O fornecimento de frutas, hortaliças, verduras e legumes oriundos da produção agroextrativista indígena para escolas também está animando a população que poderá produzir organicamente, fornecer o alimento para as escolas e gerar renda, contribuindo para a segurança alimentar das crianças atendidas nas unidades escolares, numa parceria com as prefeituras e atendendo as recomendações das varas agrárias.

O povo Munduruku, com uma população de cerca de 14 mil pessoas, reside em dez Terras Indígenas distribuídas entre os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas. A TI Munduruku, um território de aproximadamente 2.382.000 hectares, é um espaço de significativa importância histórica e cultural, conhecido como Mundurukânia. Este território, que inclui cerca de 145 aldeias, é compartilhado com o povo Apiaká e está próximo às TIs Sai Cinza e Kayabi, formando uma região de profunda relevância ecológica e cultural.

Nos últimos anos, a TI Munduruku tem enfrentado crescentes desafios devido à intensificação do garimpo ilegal, impulsionado pelo aumento no preço do ouro durante a pandemia de COVID-19. A atividade não só provoca um desmatamento recordista, como também resulta em graves problemas de saúde para a comunidade devido à contaminação dos rios e peixes com mercúrio, que coloca em risco a sobrevivência e bem-estar das comunidades locais, incluindo crianças, mulheres, jovens e idosos.

Fotos: coletivo audiovisual Da’uk e Marlisson Borges/PSa.

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