“Mostrando a luta e resistência”, jovens comentam desafios para combater desinformação em áreas da floresta amazônica

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Encontro de coletivos audiovisuais promovido pelo Projeto Saúde e Alegria com apoio da Internews, WWF e Vozes pela Ação Climática (VAC) reuniu jornalistas e comunicadores populares em Santarém

A crise climática é uma realidade, sobretudo para quem mora na Amazônia. Apesar da incidência dos debates sobre o tema na última década, se limitam às esferas governamentais, grandes países e economias mundiais. Pensando na necessidade de discutir o reflexo disso para a vida de populações tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos, o Encontro de Coletivos Audiovisuais possibilitou um espaço ampliado para esse debate, esclareceu o coordenador de Educom do PSA, Fábio Pena. “A Amazônia é protagonista nesse debate. A maior floresta tropical tem importância no equilíbrio do planeta e por isso os debates sobre esse assunto não podem acontecer sem a participação ativa dessas populações que estão no seu dia a dia numa relação mais direta com a natureza, defendendo a floresta a custo das suas próprias vidas para proteger essa riqueza para o bem da humanidade”.

A Amazônia será palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, programada para novembro de 2025. O maior evento de discussão climática do mundo será sediado pela primeira vez no Brasil, e alerta para a necessidade de organização das populações que vivem nessa região e definição de estratégias e articulações para a COP em Belém. “É necessário que os jovens dominem os meios tecnológicos para mostrar sua realidade, entrevistar suas lideranças e garantir que a voz dessas populações ecoem para além dos seus territórios para garantir a justiça climática – que é essas populações que não promoveram a crise climática, possam ter justiça ambiental, ser protegidas, ter acesso às políticas públicas e os modelos econômicos possam considerar melhor essas populações”, pontua Pena. 

O ‘Encontro de coletivos audiovisuais: clima, Amazônia e desinformação’ buscou refletir e capacitar os participantes para a atuação na Amazônia. O evento apresentou o contexto atual dos coletivos audiovisuais na Região do Tapajós com a participação da Internews que destacou a pesquisa de atualização do Ecossistema de Informação. Também foi promovida durante o encontro, uma escuta ativa sobre o ecossistema de informação nas comunidades, evidenciando como as notícias são consumidas, as ações de combate à desinformação nos territórios e iniciativas que poderão ajudar no combate à prática.

O evento faz parte da iniciativa ‘Enraizado na Confiança’ que mapeia rumores e combate desinformação em aldeias e comunidades de Santarém. Adria Fernandes, comunicadora do CITUPI foi uma das responsáveis pela pesquisa nas aldeias. A jovem destacou que ao mesmo tempo em que a comunicação praticada pela organização é “ferramenta de luta”, é através das redes sociais que a desinformação se propaga. “Nós identificamos que os principais meios que eles recebem as fake news é através das redes sociais. Reproduzindo e espalhando os rumores relacionados às questões da Amazônia”. Por isso defende a necessidade de marcar presença como liderança nos canais digitais: “Participar do evento ajuda a definir estratégias pra mostrar a verdade sobre as fake news”.

O evento durou dois dias e discutiu o papel dos coletivos de audiovisuais e mídias comunitárias no contexto da crise climática, relacionando as disputas de narrativas, voz dos povos tradicionais e a incidência no debate público. Discussões enriquecedoras para quem compartilhou conhecimento e aprendeu:

“A gente está mostrando a luta e resistência. Lutando pelo nosso povo ao mostrar o trabalho do coletivo” – Frank Akay Munduruku, Coletivo DA’UK.

“Através do uso das redes sociais, falamos da nossa realidade, das nossas histórias. O que a gente quer é expandir esse conhecimento para mais jovens do nosso território usando as redes sociais para combater as fake news” – Elton Silva, Guardiões do Bem Viver.

“Tem muita desinformação sobre os nossos territórios, direitos, vendas. A nossa função enquanto coletivo é levar informação para dentro do território. O CITA vem trabalhando com a comunicação de base há 23 anos nas aldeias” – Ian Dara, CITA.

“Lutar em defesa do bem viver, do povo e lutando por políticas públicas para beneficiar o povo local. Muitas vezes nós sofremos fake news de que somos contra o desenvolvimento. Esse e tantos outros rumores surgiram no nosso território” – Thais Isabele Cardoso, Guardiã do Bem Viver.

Dentre a programação, uma roda de conversa possibilitou ainda a troca de saberes e experiências de comunicação contra Fake News e diálogo com profissionais da imprensa local sobre atuação no combate à desinformação. Participaram do momento os jornalistas, Edvaldo Pereira (Blog Amazônia em Foco), Raik Pereira (Rádio Guarani/Alô Comunidade) , Samela Bonfim (PSA/IESPES), Rede de Noticias da Amazônia (Jéssica Santos) e Tapajós de Fato (Isabele Maciel).

“Esse momento é importante porque eles passam a ter um novo olhar para aplicar nas suas comunidades, transmitindo a informação real, vivida no território” – Raik Pereira, Jornalista.

“É necessário trazê-los para conhecer as ferramentas que podem ser usadas no processo de produção nas comunidades e aprender com eles o que é essa vivência” – Edvaldo Pereira, Editor Amazônia em Foco.

“Falar sobre desinformação é uma forma de incentivá-los a manter a sua comunicação viva e ativa para combater os rumores em defesa de seus territórios” – Samela Bonfim, jornalista.

Participaram do encontro: Coletivos Juvenis independentes, CITUPI, DA’UK, Guardiões do Bem Viver, CITA, Rede de Notícias da Amazônia, Tapajós de Fato, Telas em Rede, WWF, VAC e Jovens Transformadores. “Esse evento oportunizou que esses coletivos trocassem conhecimento e avaliar como o PSA pode facilitar essas capacitações. Trouxemos a juventude para esse debate, pra somar as linguagens desses territórios, das aldeias e comunidades”, avaliou Walter Kumaruara, do PSA.

Fotos: Gerdeson Oliveira.

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