Oficina forma lideranças da realidade climática e reforça luta contra destruição da Amazônia

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Uma turma do Treinamento Virtual Brasil 2022 do Climate Reality Project é realizada presencialmente em Santarém em parceria com o Projeto Saúde e Alegria durante dois dias e reúne estudos científicos que mostram impactos na floresta.

As lutas em defesa da Amazônia em pé não param, e durante esta semana as vozes da preservação ganham ainda mais força. Em Santarém, na região do Baixo Amazonas, está sendo realizada a turma semipresencial Vozes do Tapajós do Treinamento Virtual Brasil do Climate Reality Project (projeto realidade climática, em tradução livre) durante a programação da Semana do Meio Ambiente.

Um dos objetivos é a formação de lideranças comunitárias de populações tradicionais, ribeirinhas e indígenas para somar forças no combate aos crimes ambientais que destroem florestas, rios e territórios.

A iniciativa faz parte da mobilização do Programa Vozes Pela Ação Climática Justa (VAC), que atua no Brasil e outros seis países dando voz e visibilidade às populações para tomada de decisões. No oeste paraense, o Projeto Saúde e Alegria (PSA) é um dos membros que realizam os debates através do projeto “Vozes do Tapajós: combatendo mudanças climáticas”.

Este treinamento começou neste dia 5 de setembro, data em que é celebrado e refletido o Dia da Amazônia, e tem duração de dois dias dentro da programação que segue até o dia 10 de setembro com shows, eventos culturais, rodas de conversas, entre outros eventos.

Pessoas de diferentes territórios participaram do Treinamento Virtual Brasil do Climate Reality Project em Santarém. Fotos: Samela Bonfim.

A formação é realizada com base em dados e pesquisas científicas. “As informações são muito bem sistematizadas para que as pessoas possam defender, falar abertamente e ter a apropriação científica para ver o que está sendo feito com a Amazônia e o que podemos trabalhar para que ele continue sendo essa grande mãe para o planeta”, destaca Fábio Pena, coordenador de educação e comunicação do PSA.

Yasmin Korap Munduruku viajou cerca de oito horas para participar da oficina no Centro de Informação Ambiental de Santarém (Ciam). A jovem diz que a sua aldeia localizada no médio Tapajós, onde mora com cerca de 40 pessoas, já sente os impactos climáticos e ambientais.

“O peixe é o nosso alimento, e não tem mais tanto peixe, não tem como pescar por causa do mercúrio no rio. A gente vive da pesca e o rio está muito sujo e cada vez mais seco e com poluição de garimpo”, explicou.

Em uma das atividades na oficina, a líder comunitária Kécia Vieira, da comunidade Paricatuba, na Resex Tapajós-Arapiuns destacou como as ações humanas interferem no coletivo. “O homem não se preocupa com o dia do amanhã, vai explorando, vai entrando, e faz com que o clima fique mais quente”.

Os participantes expuseram a realidade vivida dentro das comunidades e os reflexos negativos das ações degradantes. Para Fábio Pena, pelo fato de a maior parte da Amazônia ser um patrimônio nacional o que acontece dentro da floresta não permanece dentro da região.

“Se a Amazônia é brasileira, o que o Brasil está fazendo com ela? Temos uma realidade com muitos problemas acontecendo, e no meio disso tudo há as populações tradicionais. A floresta é como um grande refrigerador do planeta ajudando a equilibrar o clima”.

Um dos pontos abordados durante a oficina são as eleições 2022, que têm grande impacto nas políticas ambientais assertivas. É preciso analisar as propostas e ações em defesa da floresta e quem vive e sobrevive dela, e o engajamento governamental de preservação do meio ambiente.

“Nós não precisamos de políticas públicas avançadas, nós precisamos de uma política básica para nós vivermos nos territórios”, disse Iranilson Cardoso de Mentae, Rio Arapiuns, durante apresentação na roda de conversa dentro da oficina.

A professora universitária e advogada Silvânia Melo enfatiza que as lutas em defesa dos direitos devem acontecer para que direitos sejam respeitados e garantidos. “Se o brasileiro pudesse despertar e saber provocar quem de direito para ter o mínimo, a gente não se sentiria assim”.

Texto: Geovane Brito para o Saúde e Alegria.

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