Primeiro óleo processado na usina extratora do Ecocentro marca capacitação de extrativistas do Oeste do Pará

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Colaboradores da Acosper e técnicos do Projeto Saúde e Alegria participaram de nova formação para operação de equipamentos industriais usados no processamento de óleos em Santarém

A extração do primeiro óleo de andiroba e manteiga de cupuaçu emocionou os extrativistas de comunidades manejadoras do Oeste do Estado do Pará. Com a operação da usina extratora de óleos da floresta, o beneficiamento da matéria prima foi a estreia das operações do espaço, coordenado pela Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (ACOSPER) implantado com o apoio do Projeto Saúde e Alegria e recursos do Fundo Amazônia  e outros parceiros.

“Estou muito feliz por ter sido escolhido pelo meu grupo para participar dessa capacitação. A gente está aprendendo a manusear a máquina”, destacou Francisco Sarmento da aldeia Braço Grande.

Nesta terça-feira (23/04), cooperados e colaboradores da Acosper acompanhados por técnicos do projeto Saúde e Alegria concluíram a jornada de capacitação técnica com o consultor industrial William Lima. O especialista explicou aos participantes as funções do maquinário e como agiliza e potencializa a produção: “a gente está dando start no processo de produção de óleos e manteigas aqui da cooperativa. Está sendo feita a entrega dos equipamentos, testes de produção e já com cálculos de produção, e rendimento, todo o potencial de fabricação da cooperativa. De um modo geral, poderão ser processadas todas as sementes e oleaginosas da Amazônia”, contou.

Com o aumento do regime de produção, óleos vegetais, mel de abelha, frutas e sementes serão alguns dos itens a serem comercializados por meio do Ecocentro, que reunirá a produção das cadeias produtivas da sociobiodiversidade da região do Baixo Amazonas. Na usina, os participantes aprenderam a processar óleos de andiroba e manteiga de cupuaçu, com possibilidade de extrair óleos de murumuru, tucumã, piquiá, açaí, patauá, dentre outros. “Todos eles estão sendo formados como operadores de fabricação da usina. Cada opção de mercado que tem, cosmético e alimento, são os dois principais, logicamente que dependem de parâmetros de qualidade. E aí depois que o óleo sair daqui, vai ser analisado, a partir do parâmetro que der de análise, você pode direcionar tanto para cosmético, quanto para alimentos”, ressalta.

Entra pó de semente de cupuaçu, sai manteiga.

Para o vice-presidente da Acosper, José Maria Santos, o Ecocentro já tem gerado expectativas positivas para as comunidades. Com atuação na Resex Tapajós-Arapiuns, Pae Lago Grande, Arapixuna e Várzea o empreendimento reunirá a produção dos extrativistas, absorvendo os produtos naturais da região, fomentando o artesanato local e no futuro, oferecendo linha de crédito para os produtores familiares.

“É muito gratificante pra gente quando a gente leva essa alegria pro povo desse povo tão interessado. Os empreendimentos são dos cooperados. A gente tem esse prazer, sabe, de trazê-los aqui. Então, isso pra nós é muito importante, sabe. Então, essa visibilidade que a gente tem, né, de poder estar absorvendo esses produtos que tem na natureza que a gente nunca teve oportunidade”, comenta José.

O processo e a manutenção dos equipamentos foram temas da capacitação técnica. O Ecocentro é um empreendimento estratégico da Acosper, idealizado com o objetivo de beneficiar os produtos da sociobiodiversidade. Ele consiste em duas estruturas físicas:

  1. Agroindústria – Galpão de Beneficiamento: Nesse espaço, os técnicos irão operar máquinas para processar óleo de andiroba, semente de cupuaçu e óleo de copaíba. Esses produtos são essenciais para a economia local e têm grande potencial de mercado.
  2. Casa do Mel de Abelhas sem Ferrão: Além dos óleos, o Ecocentro também abriga uma estrutura dedicada à produção de mel por abelhas sem ferrão. Essa iniciativa está alinhada com a estratégia dos cooperados da Acosper, proporcionando oportunidades para as famílias envolvidas.

Com a participação da juventude e cadastro prévio de mais de trinta famílias do polo Tapajós-Arapiuns e Floresta Nacional do Tapajós, a previsão é de que a Agroindústria garanta escoamento da produção local. Além de manejar áreas nativas da floresta, os extrativistas e agricultores também estão plantando espécies não-madeireiras, promovendo o reflorestamento em áreas anteriormente desmatadas. A Engenheira Florestal Projeto Saúde e Alegria, Laura Lobato, ressalta que acompanhar todo o processo, desde a coleta ao envase do produto, contribui para o fomento da estratégia às comunidades:

“Nós estávamos sonhando com isso já há muito tempo. Inclusive, a indústria em si, foi pensada justamente para ligar todas as nossas atividades. Por exemplo, os SAFs estão sendo implantados nas comunidades. E a ideia é que também a matéria-prima, cupuaçu, andiroba, que saiam desses safes, que são espécies que estão sendo implementadas lá, cheguem até aqui também para serem beneficiadas. Isso é um ganho não só para nós como instituição apoiadora, para a Cooperativa também que está recebendo o apoio, mas para as pessoas e para o nosso estado como um todo, uma vez que a matéria-prima saía daqui natural”.

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