‘Enraizado na Confiança’ é uma iniciativa do Projeto Saúde e Alegria com apoio da Internews e busca fortalecer produções de jovens das comunidades ribeirinhas como agentes multiplicadores de combate às fake news
Um estudo publicado recentemente pela Internews apontou que a disseminação de desinformação sobre efeitos adversos da vacina contra a COVID-19 desencadeou mais desconfiança da população sobre a eficácia e segurança de outras vacinas. A mentira espalhada tantas vezes, passou a ocupar espaço de verdade para muitos: uma ‘verdade’ que mata. Assim como no tema da saúde, o mesmo efeito está acontecendo em vários outros temas, como no caso da pauta socioambiental e mudanças climáticas.
É por isso que o Projeto Enraizado na Confiança tem buscado fortalecer os ecossistemas de comunicação que favoreçam a circulação de informações confiáveis, realizando atividades de escuta e engajamento das comunidades sobre como as notícias falsas chegam nos territórios, quais os rumos e desconfianças geram, e capacitando agentes locais para combater essa desinformação, ou as chamadas fake news. Na região, o projeto atua em um processo de resposta à ‘infodemia’, buscando potencializar as redes de comunicação existentes para que se tornem mais seguras e saudáveis.
Em Santarém uma das primeiras ações do projeto aconteceu no Território Indígena Tupinambá, na Aldeia Muratuba – região da Resex Tapajós Arapiuns e em Vila Brasil no PAE Lago Grande. Os principais temas abordados giraram em torno de informações sobre mudanças climáticas.
Nas oficinas os próprios moradores mapearam os principais rumores que circulam nas comunidades. Ao mesmo tempo, agentes locais orientados pela Internews e pelo PSA utilizaram aplicativos para sistematizar e categorizar essas informações. A partir desse mapeamento, “facilitamos oficinas de produção de conteúdo, podcasts, vinhetas, spots e vídeos informativos. O objetivo dessa atividade foi criar conteúdos que pudessem ser responsivos aos rumores acerca das mudanças climáticas e insegurança alimentar nesse território com a própria linguagem da comunidade”, afirmou Sabrina Costa, responsável pela atividade.
Cerca de sessenta jovens participaram da produção dos materiais que foram divulgados com objetivo de levar informação sobre a realidade desses territórios nessa problemática emergente. Os produtos serão compartilhados nas comunidades vizinhas.
“[…] Como é importante as comunidades da Amazônia, aldeias, populações tradicionais terem uma participação mais ativa nesse debate. A questão do clima é um assunto em evidência e é dominado por vários grupos. Nesses debates há muita informação falsa que afeta a vida das pessoas”, destaca o coordenador do PSA, Fábio Pena.
Para compartilhar essas experiências, será realizado nesta quinta-feira (01/06) em Santarém o Encontro de coletivos audiovisuais discutirá clima, Amazônia e combate à desinformação. “Nesse evento vamos discutir através de pesquisas já realizadas, inclusive pelas comunidades, como as informações chegam nelas. Esses mapeamentos foram feitos pelos próprios coletivos que participam do encontro”, conta Pena.
Fotos: João Albuquerque e Kevin González.