Ajudar a cultivar e fazer a terra dar bons frutos. Um trabalho diário com comunidades da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns tem mudado a realidade de muitas famílias, que encontraram no desenvolvimento sustentável e aproveitamento econômico de produtos extrativistas o fomento à renda e a subsistência.
A busca pelos melhores resultados é acompanhada por equipes técnicas do Centro Experimental Floresta Ativa – CEFA, na comunidade Carão. Entre os colaboradores está Ari Batista. Nascido em Santarém, o assistente técnico conhece de perto a realidade dos povos tradicionais e comunidades que ficam às margens dos rios da região.
A história de Ari com o Projeto Saúde e Alegria é como as sementes que ele ajuda a germinar nas estufas do CEFA. Aos poucos, sendo regada e sob condições favoráveis, se tornou um destaque em meio a floresta.
Os primeiros trabalhos foram desenvolvidos ainda em 1994, quando um amigo que já trabalhava no PSA convidou Ari para conhecer as ações do projeto. Engajado com as comunidades, ele iniciou os serviços na assistência técnica, principalmente para contribuir com a redução dos índices de desmatamento na região. À época, a equipe era formada por seis funcionários e quatro profissionais de trabalho de campo na assistência.
“Eram poucos profissionais, estavam iniciando os trabalhos nas comunidades, na parte de mobilização, e a partir do momento em que iniciou uma equipe técnica a gente começou a trabalhar também na parte de produção agrícola”, lembra.
O que foi semeado há décadas hoje dá resultados positivos e tem contribuído com a renda dentro das próprias comunidades, que viram ser implantados os Sistemas Agroflorestais – SAFs, que deram nova visão de como a floresta em pé dá retorno.
São 34 famílias no entorno do CEFA que recebem o acompanhamento técnico em cadeias produtivas como plantio, manejo de abelhas e pequenos animais e hortas familiares, e juntas já cultivam quase 30 hectares de SAFs. Para Ari, a transformação social, econômica e ambiental é um resultado de anos de trabalho na parceria entre as comunidades e o PSA.
“É importante o trabalho que o Saúde e Alegria realiza nas comunidades dando apoio, gerando renda, gerando alimento, gerando bem-estar dessas famílias e a qualidade de vida. Hoje a gente já vê famílias comercializando hortaliças, pequenos animais, tirando uma grande produção dessas áreas e gerando renda”.
Da terra que antes era pouco aproveitada, hoje são colhidas produções de batata doce, jerimum, melancia, macaxeira, entre outros. A floresta em pé também contribui para o manejo de abelhas.
Por estar em meio aos comunitários, Ari acompanha também o crescimento dos projetos do Saúde e Alegria. Ele lembra, logo que integrou as equipes da ONG, que as ações eram voltadas mais à saúde, mas já tinha trabalho social com crianças e jovens.
“Daquela época para cá mudou muito. Hoje, o Saúde e Alegria tem uma estrutura muito grande de apoio às comunidades e aos seus funcionários. A gente vê também que o PSA não tá mais só na parte de saúde, está na parte de produção e em vários setores hoje”.
Os trabalhos desenvolvidos e executados pelo CEFA, inaugurado em 2016 com incentivo à geração de renda e desenvolvimento sustentável, têm capacitado e conscientizado cada vez mais comunitários.
Ari destaca que essas boas práticas já possibilitaram reflorestar áreas onde antes a produção era baseada no trabalho de corte e queima, que consiste em derrubar a floresta, atear fogo e depois usar a área para cultivo por curto espaço de tempo.
“A gente tá aproveitando essas áreas que já foram trabalhadas, já foram desmatadas, e estamos recuperando. Aproveitamos para plantar árvores frutíferas e florestais, que vai gerar tanto alimento às famílias como retorno dos animais que voltam para essas áreas porque tem alimento”, celebra.
Uma das alegrias em trabalhar nas comunidades é poder ver que as próprias famílias estão conseguindo seguir adiante. Para Ari, isso é realização profissional. “A motivação é o trabalho que a gente realiza, que faz com que a gente cresça tanto profissionalmente quanto as famílias que, com o nosso apoio, informações e orientações, melhoram a vida”, finalizou.
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Eu sou Saúde e Alegria é um podcast com histórias de pessoas que lutam pela cidadania e pela floresta em pé em comunidades da Amazônia paraense. Uma campanha em comemoração aos 36 anos do PSA. Os episódios são lançados toda sexta-feira.
- Reportagem: Geovane Brito
- Apresentação podcast: Priscila Castro
- Mixagem podcast: Raik Pereira
- Artes: Vanessa Campos
- Captura e edição audiovisual: Priscila Tapajoara
- Coordenação editorial: Samela Bonfim
- Coordenação Geral: Fabio Pena
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