Em Brasília, a pesquisadora da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia, iniciativa do Projeto Saúde e Alegria, participou dos eventos nacionais que discutem estratégias para inclusão digital
O seminário sobre conectividade significativa, organizado pelo NIC.br e CGI.br, contou com a participação de diversos setores, incluindo governo, empresas, universidades e terceiro setor, com destaque para as redes comunitárias do Brasil. Lideranças indígenas da etnia Munduruku do Pará e representantes da rede Wayuri do Amazonas, incluindo a aluna Juliana da Escola de Redes da Amazônia e a pesquisadora do PSA, Adriane Gama participaram do encontro.
O foco foi a pesquisa do CETIC.br sobre conectividade, que revelou melhorias no acesso à internet no Brasil, mas que apontou deficiências significativas, especialmente na região amazônica. A Escola de Redes Comunitárias do PSA foi destaque como iniciativa inovadora para promover o acesso sustentável às tecnologias.
“Continuamos esses diálogos em nossos espaços de atuação, em busca de soluções e alternativas por mais redes comunitárias amazônicas com autonomia e seus direitos garantidos. Foram momentos produtivos sobre todas essas temáticas que a gente vem lutando constantemente em prol dos direitos da inclusão digital e também das autonomias das redes comunitárias voltadas para as áreas rurais, indígenas e quilombolas” – Adriane Gama, pesquisadora da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia, PSA.
Após o seminário, em 18 de abril, foi realizado o Encontro de Redes Comunitárias do Brasil em Brasília, promovido pelo GTR-COM e CGI.br. O evento reuniu especialistas e representantes da sociedade civil para discutir a Carta das Redes Comunitárias de 2022, conexões entre redes, processos formativos, tecnologias livres e experiências locais. A Escola de Redes Comunitárias da Amazônia compartilhou suas experiências colaborativas em sete territórios de três estados amazônicos.
Foram destacadas a importância dos processos formativos para o uso crítico e reflexivo das tecnologias e a governança comunitária. Reuniões com o Ministério dos Povos Indígenas e a ministra de exercício do Ministério das Comunicações, Sônia Faustino, abordaram a inclusão digital e a autonomia das redes comunitárias em áreas rurais, indígenas e quilombolas.
“A gente reivindica, através do governo, melhoria nas redes comunitárias para a Amazônia. Porque ainda é uma decadência muito grande nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas, a questão da conexão, conectividade. O intuito deste evento é tentar fazer com que a gente possa buscar, do governo, melhoria para as nossas redes” – Ágio Lobo, comunidade Montanha-Mangabal, assentamento agro-extrativista no município de Itaituba, Pará.
“O ponto principal da nossa pauta foi justamente fortalecer essas redes que estão aí localizadas nas comunidades e povos tradicionais do Brasil, e fortalecer essas redes vai fortalecer todo um aparato de comunicação universal do país, que é uma defasagem que nós temos ainda muito grande dentro das comunidades estacionais do nosso Brasil” – Giovana Aires, Associação de Redes Comunitárias de Pernambuco, Maranhão.
O presidente do Ibebrasil e membro do comitê de redes comunitárias – Marcelo Saldanha, destacou a importância das redes comunitárias no contexto da universalização do acesso. “Ela é a única opção hoje de política pública para poder garantir acesso significativo na residência das pessoas”. Lembrou que a própria pesquisa do CETIC, apresentou indicadores nesse sentido: “esse cenário terrível de que a gente precisa avançar na qualidade do serviço. E não só na qualidade do serviço, mas realmente que o acesso à internet tem um significado para o desenvolvimento humano. Então o papel das redes comunitárias, ela vem exatamente para poder integrar o rol de políticas públicas, para poder fazer esse trabalho de levar uma internet que tenha significado para as pessoas”.