Projeto apoiado pela Bristol foi um dos dez selecionados entre iniciativas do Brasil e África
O Programa de Saúde Comunitária do Projeto Saúde e Alegria lançou uma nova iniciativa em sua área de atuação. Em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena/Ministério da Saúde, organizações quilombolas, indígenas, de comunidades tradicionais e Secretarias Municipais de Saúde de Santarém, Aveiro, Belterra e Oriximiná, criará uma estratégia de alerta, mobilização de esforços e ações efetivas integradas para o enfrentamento ao câncer de pele e colo do útero.
As ações incluirão sensibilização, planejamento e apoio para ações concretas de abordagem desses temas dentro do sistema público de saúde, nos diferentes municípios, além de campanhas educativas e mobilização da população sobre a importância da prevenção, em conjunto com as organizações e representações próprias dessas populações.
O projeto inclui apoio a jornadas médicas com especialistas, em cada território, para busca ativa, diagnóstico e tratamento ou encaminhamento dos pacientes de risco, em conjunto com os serviços públicos e outros parceiros públicos, privados e universidades. Haverá também formação para profissionais de saúde da rede pública para qualificar processos de relação com paciente e fortalecer rotinas de identificação e encaminhamento dos casos de câncer de pele e colo de útero dentro do fluxo do sistema público.
O coordenador geral do PSA, Eugênio Scannavino, explica que o projeto se soma a outros desenvolvidos pela organização e com a integração de esforços de diversos parceiros. “É um projeto em conjunto com as organizações e secretarias. O Saúde de Alegria tem buscado trabalhar o tempo todo, construindo parcerias com o poder público, com as organizações locais, criando as coisas juntos, de maneira que a gente possa ir repassando toda a metodologia, repassando a execução. É um projeto que envolve algumas campanhas educativas, mas também envolve soluções médicas, jornadas médicas para identificação de câncer de pele, tratamento desses cânceres e também aumento do PCCU, que é o exame preventivo, identificação precoce e apoio ao tratamento”.
O apoio a pacientes agilizará exames e tratamento de casos mais urgentes, destacou a médica do PSA, Ana Carolina Porto: “a ideia é que a gente possa apoiar e desenvolver novos fluxos para o combate, diagnóstico precoce e tratamento desses dois tipos de câncer na região. O nosso objetivo é pensar junto com o poder público e com outros parceiros, como que a gente pode otimizar esse fluxo, para que essas pessoas possam acessar com mais qualidade, com mais eficiência e eficácia esses serviços”, destaca.
A iniciativa oficinas em cinco territórios tradicionais com ênfase na Educação e prevenção, produção de conteúdos educativos para mídias sociais digitais e atividade lúdica educativa no Circo Mocorongo. “Essas serão ações de mobilização para as jornadas médicas que ocorrerão em seguida. Será uma Jornada Médica Especializada (Ginecologia e Dermatologia) na UBSF da respectiva região, com apoio com insumos e materiais para as UBS fixas desta região”, explicou a Coordenadora adjunta da Saúde, Luana Arantes.
Ao longo da execução, que iniciou com elaboração conjunta do plano de trabalho entre as organizações parceiras, foram definidas as comunidades e UBS, e realizadas duas campanhas e jornadas no 1º ano e 2 jornadas no 2º e uma no 3º ano em territórios.
Para a coordenadora do CITA, que representa 121 aldeias do Baixo Tapajós,- Margareth Pedroso Maytapú, o projeto alerta para o cuidado da saúde dos povos indígenas e fortalece a atuação da organização que atua nos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro: “Traz para a gente uma inovação, a qual todas as aldeias e comunidades precisam, principalmente as mulheres, em relação ao câncer de útero. Então, para a gente, é uma forma de também levar para as aldeias e comunidades a saúde da mulher, assim também como tá dando ênfase na questão do câncer de pele. Então que pra gente também isso já é um avanço na saúde em parceria com o PSA’.
Saúde Comunitária
O Projeto Saúde e Alegria (PSA) procura somar esforços às políticas públicas para assegurar o direito à saúde e reduzir os níveis de exclusão das comunidades amazônicas, tornando serviços assistenciais e do campo da atenção básica mais acessíveis, com forte viés de prevenção e educação, e utilizando a arte e o lúdico para a promoção da saúde & alegria como método de atuação.
Quando o PSA começou a atuar no oeste do Pará, em meados da década de 1980, encontrou uma situação drástica: altas taxas de mortalidade materno-infantil, crianças morrendo de simples diarreia por beberem água sem tratamento, direto dos rios, e ausência de condições mínimas de saneamento.
Com essa forte atuação nos campos preventivo, educativo e de saneamento básico, que ajuda a diminuir principalmente os indicadores de mortalidade infantil, restava o desafio de encontrar um modelo de atendimento médico inclusivo para essas populações rurais, isoladas dos centros urbanos. Foi então que, a partir de 2006, o PSA trabalhou na implementação do modelo de barco-hospital para o atendimento regular à populações ribeirinhas, levando o Programa de Saúde da Família, do Sistema Único de Saúde (SUS) até as comunidades.
Atualmente, o PSA direciona sua atuação em duas frentes: atenção básica em saúde e saneamento básico, ambas envolvendo educação e prevenção.