O Projeto Saúde e Alegria passou a integrar a Rede do Projeto Redes Comunitárias que busca conectar comunidades desconectadas por meio do desenvolvimento de modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para populações da Amazônia;
Um dos maiores desafios da comunicação na região amazônica é a ausência de conexão telefônica e acesso à internet. Geograficamente isolados, moradores de comunidades ribeirinhas sofrem com a limitação que os exclui socialmente e impede o acesso à comunicação básica. O projeto de apoio a estratégias lideradas pela comunidade para endereçar a dificuldade digital é uma iniciativa da Associação para o Progresso das Comunicações (APC) em parceria com a Rhizomatica. No Brasil, o PSA é a organização parceira no nível meso, credenciada para o desenvolvimento de redes comunitárias na região Amazônica.
Segundo a coordenadora regional para implementação da iniciativa Redes Locais (LocNet) na América Latina pela REDES AC, Karla Velasco Ramos, redes comunitárias são “redes não comerciais, pertencentes a e operadas pelas comunidades visando atender seus objetivos em questões como educação, saúde, economia solidária, preservação cultural, entre outras que vão variar em cada local” – explica.
Com o apoio financeiro do Programa de Acesso Digital do Governo do Reino Unido, o projeto busca desencadear soluções de conectividade mais acessíveis e inclusivas para comunidades excluídas em áreas rurais e urbanas. O projeto está em execução entre 2020/2023 e fornece assistência técnica, capacitação, assessoria para advocacy, e mobilização comunitária, focando em em cinco países prioritários: Brasil, Indonésia, Quênia, Nigéria e África do Sul.
A partir da parceria com o Projeto Saúde e Alegria, a iniciativa espera contribuir para a construção de um ecossistema propício para o surgimento e crescimento de redes comunitárias e outras iniciativas de conectividade baseadas na comunidade em cinco países-alvo, incluindo o Brasil. O projeto está estruturado em três eixos de trabalho alinhados aos resultados esperados e aos níveis de intervenção micro, meso e macro.
O fundador da Rhizomatica, representante do conselho de Redes Locais (LocNet) Peter Bloom, explicou que com a execução do projeto, são esperados os seguintes resultados: “Aumento da capacidade e dos recursos para indivíduos, principalmente mulheres, e organizações que promovem modelos de inclusão digital capazes de proporcionar acesso a populações não conectadas ou com baixa conectividade (nível micro); fortalecimento de organizações que apóiam redes comunitárias para articular maneiras viáveis de lidar com barreiras comuns por meio de conhecimento compartilhado, plataformas compartilhadas, ação coletiva e mobilização das partes interessadas (nível meso) e criação de um ambiente político, legal e regulatório melhor para as redes comunitárias, enquanto um modelo complementar de conectividade inclusiva, na esfera macro, endereçando barreiras enfrentadas pelas organizações locais de nível micro e meso”.
Para alcançar esses objetivos, o PSA realizará atividades de apoio ao fortalecimento institucional, aprendizagem e intercâmbio entre pares, com foco na conscientização e capacitação e apoio à inovação e a sustentabilidade por meio de tecnologias de rádio-telefonia ou acesso à internet. Para o gestor do projeto no PSA, Paulo Lima, integrar a rede representa um importante passo rumo à inclusão digital das comunidades ribeirinhas através de entidades representativas: “Nós ficamos muito felizes com a participação na APC. O PSA já tem um trabalho histórico de atividades de capacitação junto às comunidades com apoio às comunicações, e através dessa parceria poderemos ampliar a atuação para outras regiões da Amazônia, para além do Baixo Amazonas”.
“O PSA é um grande parceiro para avançar neste trabalho, considerando seus muitos anos de experiência atuando com as populações locais e sua abordagem inclusiva baseada na educação popular. Assim, o PSA está super bem posicionado para ajudar as comunidades envolvidas a planejar, iniciar e desenvolver projetos de redes comunitárias realizados pelas e para as pessoas na região” – ressaltou Karla Velasco, da APC.
O Saúde e Alegria construirá na região amazônica uma rede com no mínimo sete organizações ou redes comunitárias, as quais receberão capacitação, acompanhamento e advocacy para fortalecer as experiências já desenvolvidas. Para isto, será lançado em breve um edital para que as instituições possam manifestar interesse.