Há três décadas e meia, Eugênio Scannavino retomou o trabalho que iniciara pouco tempo antes na Amazônia. Atualmente o Projeto conta com diferentes frentes de trabalho, feitas principalmente por profissionais da região;
É no protagonismo juvenil do Walter Kumaruara e da Ana Daiane, no trabalho do Silvanei Rodrigues para implantação dos sistemas de água, nas instalações de energia solar da Jussara Batista, na arte educação da Elis Lucien e nos frutos do Luiz Henrique que o PSA revela sua força: uma instituição feita por gente que ama levar saúde e alegria para os povos da floresta!
O Saúde e Alegria inicia o 35º ano de operação agora em novembro de 2021. Começou informalmente em 1984, foi criado como instituição em 85 e, após uma pausa, em novembro de 1987 reiniciou os trabalhos pra nunca mais parar.
Se um dia foi o médico fundador Eugênio Scannavino, juntamente com a arte educadora Márcia Gama que idealizaram esse sonho, e depois seu irmão Caetano Scannavino que se juntou para coordenar o projeto, hoje, a trupe do Saúde e Alegria conta com um conjunto de lideranças e profissionais da própria região que desenvolvem os projetos da organização e participam da sua gestão.
“A campanha “Eu sou Saúde e Alegria” apresenta alguns dos personagens do PSA que estão na linha de frente da luta pela cidadania nas comunidades e pela floresta em pé. Representam algumas gerações desse trabalho social de empoderamento e de cidadania construído ao longo dos anos”, diz o coordenador de educação e comunicação do PSA, Fábio Pena, que dirige a campanha e é também de uma das comunidades que o projeto atendeu.
São oito episódios de podcast lançados toda segunda, a partir de 25/10, no Spotify e aqui no site de notícias do Saúde e Alegria.
O conteúdo também vai permear as diversas plataformas digitais nas redes sociais do Saúde e Alegria com uma narrativa multimídia: vídeo, texto, foto e áudio. No programa Alô Comunidade, veiculado na Rádio Rural AM e Rádio Princesa FM, em Santarém, serão veiculadas reportagens especiais.
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Confira um pequeno spoiler do que está por vir:
“O PSA é essa porta, me proporciona várias oportunidades ” – Ana Daiane Lopes Costa
“Eu nem sabia que existiam a maior parte das profissões”, lembra Ana Daiane Lopes Costa, quando pensa na sua infância na comunidade de Maripá, localizada na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Ana cresceu comendo o que a mãe plantava e os vizinhos pescavam e se banhando nas águas verdes do Rio Tapajós. Cresceu livre, declara. “Lembro da leveza que era e ainda é viver lá”.
“Toda a minha vida esbarra no Saúde e Alegria de alguma forma” – Elis Lucien
Elis Lucien Rodrigues Barbosa nunca gostou de pintar o rosto com a caracterização clássica dos palhaços. Nascida em uma família circense, ela passou a infância viajando por municípios e comunidades no oeste do Pará, acompanhando o circo de sua mãe, a poetisa e dramaturga Dona Sarita, onde seu pai, o famoso Palhaço Pimentinha, atuava.
“Sempre sonhei em trabalhar levando saneamento básico para as comunidades” – Silvanei Rodrigues
Carregar água do rio em baldes e carotes era tarefa diária de Silvanei Rodrigues Correia e seus cinco irmãos, na comunidade ribeirinha Bom Futuro, localizada na margem direita do Rio Arapiuns, hoje Projeto de Assentamento Agroextrativista Lago Grande (PAE Lago Grande). Faltou água, tinha que buscar. Essa era a rotina de praticamente todas as famílias das comunidades da região.
“O trabalho do PSA me empoderou a lutar pelo meu território” – Luiz Henrique Lopes Ferreira
Delícias Tapajônicas é o nome da start up fundada pelo jovem Luiz Henrique Lopes Ferreira em 2019. Henrique, como é conhecido, acabara de entrar na casa dos 20 anos quando teve a ideia de fazer doces, compotas e licores aproveitando as frutas que caíam das árvores nos quintais das famílias da comunidade Carão, localizada na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (Resex), onde vive com a sua família.
“Os projetos que funcionam aqui são os que são pensados junto com as comunidades” – Walter Kumaruara
Quando Walter Kumaruara filmava uma ação do movimento indígena do Baixo Tapajós em frente ao Ministério do Meio Ambiente, em abril de 2021, o então ministro da pasta, Ricardo Salles, divulgou imagens suas e de seus companheiros chamando-os de “tribo do Iphone”. A manifestação fazia parte do Acampamento Terra Livre que denunciava o desmonte dos direitos dos povos indígenas e as postagens de Salles viralizaram pela desmoralização que o ministro promoveu contra esses povos.
“Com o trabalho no PSA passei a ter mais respeito pelas histórias dos outros” – Jussara Batista
Quando Jussara Vanessa Salgado Batista chega em alguma comunidade do Baixo Amazonas para implantar sistemas offgrid (não conectados à rede energética) de energia solar fotovoltaica que abastecem a eletricidade ou os microssistemas de abastecimento de água, algumas famílias ficam desconfiadas. Uma mulher de 27 anos trabalhando em uma área tão técnica ainda levanta questionamentos. “A responsável pelo sistema é mulher?”, ouve, quando começa novas instalações.
Fotos: Júlia Dolce.