Dez jornalistas selecionados no programa de formação promovido pelo Projeto Saúde e Alegria e DW Akademie cobrirão à COP28 nos Emirados Árabes
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, dez jornalistas e comunicadores da Amazônia (PA, AC, AM, MA) estão participando da imersão sobre comunicação, crise climática e as perspectivas para a Amazônia. A COP28 ocorre entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023.
Os encontros sediados na vila balneária de Alter do Chão, na sede do Projeto Saúde e Alegria e em comunidades da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns em Santarém, estão possibilitando a formação interdisciplinar para a cobertura qualificada da Conferência. “No início desse ano, a formação foi direcionada para 30 comunicadores populares de toda a Amazônia. É um curso direcionado a questões climáticas com direcionamento específico para a Conferência do Clima”, explicou a Assistente da coordenação da DW, Luiza Peixoto.
Após os módulos de formação, os dez comunicadores foram selecionados e receberam mentoria para a realização de reportagens específicas sobre temas de interesse socioambiental, de pautas ligadas à Amazônia. “Eles estão dando voz e são as vozes desse território que vem sofrendo muito com as mudanças climáticas. São comunicadores que estão produzindo muito e agora se tornaram bolsistas e farão reportagens propostas por eles sobre a crise ecológica climática”, acrescenta Luiza.
No primeiro dia de encontro, discutiram os Desafios da comunicação na Amazônia com a apresentação das iniciativas do Tapajós de Fato, Coletivo Guardiões do Bem Viver/Rádio Uxicará, Coletivo Jovem Tapajônico e Coletivo de Comunicação do Conselho Indígena Tapajós – Arapiuns.
“A ideia do curso foi oferecer uma oportunidade de capacitação para aperfeiçoar esses comunicadores, que sendo pessoas da Amazônia possam falar com propriedade daqui para fora. O curso reuniu vários módulos sobre o que é a mudança climática, por que estão acontecendo os extremos climáticos e ferramentas para ampliar a forma de fazer jornalística”, destacou o coordenador do PSA, Fábio Pena.
No segundo dia da jornada de capacitação, a roda de conversa destacou ‘O panorama da crise climática e a Amazônia’. A imersão foi com o Prof. Dr. Lucas Peres e a Jornalista Lene Santos, ambos da UFOPA, Raquel Tupinambá do CITUPI e Samela Bonfim da Sapopema.
“Garantir uma informação real para o espectador e usuário das nossas redes, nesse momento em que a gente está vivendo com muita informação contraditória, fake news sobre a crise climática. Foi uma aula. Isso pra gente é essencial. Quanto mais o jornalista entender o que está acontecendo, mais ele será capaz de transmitir a informação correta para o público” – Mary Tupiassu, jornalista.
“Foi muito importante ter esse contexto mais científico, a gente poder entender sobre esses ciclos naturais e a dinâmica de tempo e clima. Pra mim está sendo muito interessante poder entender a realidade dos comunicadores nesse trabalho de informar as pessoas sobre a seca, queimadas, mudanças climáticas, aquecimento da terra. Somos todos da Amazônia, com várias perspectivas” – Camila Garcêz, jornalista de Manaus.
“É um momento de muita aprendizagem e partilha de conhecimento a partir do debate sobre justiça socioambiental da região amazônica” – Elitiel Guedes, jornalista Maranhão.
Durante a formação também participaram da oficina Colmena sobre mídias colaborativas de áudio, uma oportunidade para aprender a utilizar novos recursos e ferramentas para compartilhar ideias, conhecimentos e visões científicas. No dia seguinte, visitaram os projetos demonstrativos do Centro Experimental Floresta Ativa do PSA na comunidade Carão. Conheceram iniciativas de conservação da floresta e dialogaram com lideranças comunitárias.
Além disso, também participaram da oficina de Gênero e Justiça Climática com Projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta, Oficina de Construção de Alinhamentos de Pautas para a COP e estratégias para comunicadores na COP: como cobrir, atuar, desafios da linguagem, como saber.
“Esse reconhecimento, esse pertencimento me colocou numa autoestima de que reconhecer que meu território tem muito a dizer para um espaço de negociação global. Fiquei muito feliz” – Tay Silva, Icoaraci – Pará.
“A formação preparatória para a gente fazer a cobertura da COP28 foi uma atividade muito importante que veio no momento certo da nossa luta. A experiência da formação é muito importante para entender e transmitir da forma mais clara possível e coerente para a nossa audiência” – Angelo Tupinambá, cientista social de Belém.
“O curso preparou a gente muito bem pra entender o que é a COP, como é a dinâmica. Estou muito contente com esse grupo que se formou, com uma expectativa muito boa em relação ao que a gente pode fazer juntos nesse lugar de questionamento” – Vitória Mendes, Belém.
Para o jornalista e podcaster Maikson Serrão, natural de Boim, Rio Tapajós e que atualmente mora em Manaus, estar entre os selecionados é motivo de alegria. O criador do Pavulagem ressaltou a necessidade da Amazônia estar presente na Conferência através de seus povos. “A gente precisa estar nesses espaços internacionais onde grandes decisões são tomadas e a gente enquanto população amazônica, é importante a gente está se preparando junto com outros dez jornalistas. A gente quer fazer um grande barulho em Dubai e se preparar para o que vai acontecer no Brasil em 2025”.