Construídas de forma participativa, tecnologias sociais de acesso à água potável possibilitam qualidade de vida para populações isoladas na floresta amazônica. Metodologia é requisito para implantações mediadas pelo Saúde e Alegria;
Comunidade reunida, divisão de tarefas e muito trabalho para homens e mulheres! É participação coletiva de quem será beneficiado pelo projeto de instalação hidráulica e sentimento de pertencimento como estratégia de empoderamento das comunidades da Amazônia.
Nos mutirões comunitários, os moradores escavaram o caminho para levar a rede hidráulica subterrânea para todas as casas. Assim, aprenderam juntos como funciona uma rede de abastecimento enquanto outras equipes trabalham com técnicos na perfuração do poço e construção do elevado para instalara caixa d’água central.
Essa metodologia é adotada em todos os projetos de instalações hidráulicas para que os próprios comunitários possam cuidar e realizar manutenção nos sistemas. Na comunidade Murui, região do Lago Grande os comunitários foram beneficiados com uma rede de distribuição de 2.400 metros de extensão. 40 famílias serão beneficiadas em uma localidade com alta incidência de doenças de veiculação hídrica e mortalidade por viroses e diarreias agudas, relacionadas ao consumo inadequado de água do rio e à falta de saneamento básico.
“A participação da comunidade foi muito boa. Os moradores foram muito eficientes na mobilização, coordenação dos puxiruns, foi um trabalho coletivo mesmo. Pela necessidade do projeto envolveu quase todos os comunitários, aqueles que não participaram do trabalho, ajudaram com alimentação” – contou o técnico do PSA, Silvanei Rodrigues.
A rede de distribuição atingiu 85% de conclusão com previsão de inauguração em 18 de dezembro. Nessa região de abrangência do PAE Lago Grande, as obras são financiadas com recurso da Fundação Avina, Programa Aliança Água+Acesso.
Para o bombeamento da água, foram instaladas 16 placas fotovoltaicas, com participação direta dos jovens da comunidade que participaram do Curso Eletricistas do Sol, realizado pelo Saúde e Alegria.
Fantástico: Direitos das crianças ainda não são respeitados em muitas partes do Brasil
Programa contou a experiência do adolescente Everton Dias de 12 anos, morador da comunidade Murui no Lago Grande. À época relatou a dificuldade de acesso à água potável: “Se tivesse água encanada ia ser melhor as tarefas do dia-a-dia”. O pai Messias Dias, explicou que o “Saneamento é um dos problemas sérios da comunidade […] A água do igarapé é poluída”. Hoje, com as construções, a família de Everton será uma das quarenta beneficiadas que terão acesso à agua limpa, de qualidade e carregamento do liquido em baldes, nunca mais!
O primeiro microssistema
Em 1996, com participação dos moradores de Suruacá, foi feito o primeiro microssistema de abastecimento de água na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. A partir de um mapeamento feito pela própria comunidade, foram identificadas todas as residências da localidade. Com ajuda técnica, foi feito um mapa e definido o ponto mais alto de Suruacá e com uma distância mínima de fossas para se perfurar o poço.
Em mutirões comunitários, os moradores escavaram o caminho para levar a rede hidráulica subterrânea para todas as casas. Assim, aprenderam juntos como funciona uma rede de abastecimento. Outra equipe trabalhava com técnicos na perfuração do poço e construção do elevado para instalara caixa d’água central.
Enquanto isso, oficinas sobre autogestão apresentaram aos moradores modelos de controle da prestação do serviço de abastecimento local. No dia da inauguração do microssistema, os próprios comunitários apresentaram um regimento de uso e definiram, entre eles, as responsabilidades e os responsáveis pela manutenção dos equipamentos.
Fotos: Silvanei Rodrigues/PSA.