Projeto Saúde e Alegria participa do Acampamento Terra Livre em Brasília e defende demarcação de terras indígenas

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19ª Edição do ATL conta com a representação de catorze povos da região do Tapajós. Mais de sessenta lideranças indígenas compõem a delegação que cobra demarcação e medidas urgentes contra a mineração em terras indígenas

Iniciou em Brasília nesta segunda-feira (24), o Acampamento Terra Livre em Brasília que este ano tem como tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia”. O evento histórico reúne mais de seis mil indígenas que clamam pelo reconhecimento de seus territórios. Segundo a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), existem cerca de 1.400 terras indígenas no país, entre regularizadas e não regularizadas.

Os povos indígenas do Baixo Tapajós participam do ATL representando 14 povos da região. No evento que iniciou com a tradicional marcha e ritual de apresentação, dizem não ao mercúrio no rio e pedem demarcação das terras indígenas com o recado: “Salvem o Tapajós do Mercúrio! Água para vida e não para morte”.

Representando o Projeto Saúde e Alegria, o coordenador Fábio Pena participou do Lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas como parte da programação do ATL2023. “Deu uma enorme esperança de um país que respeite a diversidade de seus povos, especialmente dos que vem ao longo da história sofrendo todo tipo de opressão e apagamento. Agora vendo lideranças indígenas ‘aldeando a política’ e protagonizando a construção de um país melhor”, destacou. A frente é coordenada pela Deputada Célia Xakriabá e composta por vários outros deputados que apoiam a causa indígena como o deputado do Pará, Airton Faleiro.

Auricélia Arapiun do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns – CITA, ressaltou que a delegação do Tapajós foi em busca da garantia do direito das populações indígenas e da efetivação de políticas públicas para os guardiões do território. “O ATL de 2023 não é um momento apenas para celebrar as nossas conquistas, mas é um momento que continuam nossas reivindicações. Nós estamos pautando o mercúrio no Tapajós, invasão nos nossos territórios, saúde indígena, educação, políticas e principalmente a demarcação das terras indígenas e portarias declaratórias”.

Um dos marcos desta edição do ATL foi a forte participação da juventude. O representante do conselho de jovens do CITA e colaborador do PSA, Walter Kumaruara, falou sobre a necessidade da articulação de quem será o futuro nas aldeias da Amazônia. “A gente precisa vir a Brasília para lutar pelos nossos direitos de uma educação de qualidade, saúde de qualidade e a gente se soma a mais de sete mil indígenas. É muito importante que essa juventude esteja ocupando esses espaços, porque são discussões que falam muito sobre a gente, para o futuro”.

Durante o evento, indígenas mundurukus do alto Tapajós representados por Aldira Munduruku da Aldeia Sawré Muybu e coordenadora do Coletivo Audiovisual Munduruku Dajekapapeypi, participaram de encontro com a presidente da FUNAI, Joenia Wapichana. Um relatório produzido sobre o território, apresentou dados de contaminação por mercúrio e a gravidade das invasões por garimpeiros. O documento foi assinado pelo órgão que dará seguimento ao processo de demarcação. “É uma alegria, vamos voltar pra aldeia muito feliz. A gente está com uma esperança enorme para que a gente possa viver em paz no nosso território. Depois da demarcação a gente vai ter mais direito de defender aquele pedaço de terra que nós tanto amamos. Sem território não tem futuro”, comemorou Aldira.

As Suraras do Tapajós, integrantes da Coalização Vozes do Tapajós Combatendo as Mudanças Climáticas, protagonizam a luta das mulheres indígenas do baixo Tapajós. Val Munduruku, presidente das Suraras destaca que com força e resistência, o grupo anseia avanços para a demarcação de áreas indígenas. “Buscando sempre melhorias de políticas públicas para os nossos povos. A gente veio trazer a força da mulher indígena que vem sendo afetadas pelos garimpos ilegais, exploração da madeira que impactam os nossos territórios. Somos os principais afetados em relação aos impactos das mudanças climáticas”.

Lideranças da APIB comentam que o objetivo do grupo em 2023 é reforçar a necessidade da demarcação de terras indígenas, pedir o fim das violências e decretar “emergência climática”. Segundo Kleber Karipuna, coordenador executivo da APIB pela Coiab, as propostas anti-indígenas, que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado, são outro foco do acampamento. Um exemplo é a PL n.º 2.159/2021, que facilitaria o licenciamento de empreendimentos que utilizem recursos ambientais e que sejam efetivos ou potencialmente poluidores. O coordenador executivo da APIB afirma ainda que a demarcação das terras tem sido um grande desafio pela dificuldade em conseguir os dados desse processo. “Já são 14 terras aptas para homologação, 35 esperando as portarias de declaração e mais de 100 esperando a instalação dos grupos de trabalho. Mais de 600 terras ainda não possuem nenhuma etapa nesse processo. São 1396 terras, no total, em diferentes fases para a demarcação”, explica Karipuna.
A participação do coordenador do PSA e dos grupos Suraras do Tapajós, Cita e Coletivo audiovisual no evento se dá através do Projeto ‘Vozes do Tapajós combatendo as Mudanças Climáticas’ por meio da iniciativa global Vozes da Ação Climática (VAC). Uma forma de apoiar o movimento e unir esforços pela defesa da Amazônia.

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