Pesquisadoras realizam diagnóstico comunitário do programa que leva conexão a territórios da Amazônia
O Projeto Rede Comunitária Floresta Digital continua visitando territórios que vão ser beneficiados. Nos dias 14 e 15 de dezembro, as pesquisadoras chegaram ao Quilombo Gibrié de São Lourenço, em Barcarena, no Pará. O encontro foi marcado pelo simbolismo cultural através dos artistas tradicionais e as lideranças mulheres que valorizam e agregam a música, dança, arranjos socioprodutivos e muita resistência do povo do território. O projeto é uma realização da parceria entre o Projeto Saúde e Alegria (PSA) e a DW Akademie. As visitas realizadas pelas pesquisadoras percorrem nove territórios distribuídos pelos estados do Amapá, Pará, Acre e Amazonas.
“Os participantes puderam interagir neste mapeamento coletivo, apresentando seu território, seus desafios e estratégias a fim de fortalecer a sua ancestralidade e seus diversos projetos locais através do engajamento das mulheres, do resgate da sua identidade cultural e da resiliência de manter a floresta em pé. A instalação de uma rede comunitária local pode contribuir com a consolidação da comunicação comunitária e de uma conectividade significativa centrada nas comunidades, uma vez que oportuniza estratégias colaborativas com apoio de parceiros, processos formativos, sustentabilidade, além de suporte técnico e político” destacou a pesquisadora do PSA, Adriane Gama.
Nos dias de encontros foram realizadas dinâmicas lúdicas e sistemáticas e por meio da metodologia da Mandala dos Saberes os e as participantes apresentaram as suas demandas e desafios que vão poder ser trabalhados com a comunicação e conectividade de base comunitária. O território fica cerca de 60 km de Belém, em linha reta. A comunidade enfrenta desafios com a implementação de empreendimentos que afetam a biodiversidade e a conservação de áreas de floresta. Mas, com o auxílio das redes comunitárias, quilombolas veem a esperança para se reinventar cada vez mais.
“Nós vivemos aqui hoje imprensados por conta dos empreendimentos das indústrias que se instalaram aqui. Mas independente disso, a gente não parou no tempo, não se acomodou, tá aí trabalhando e buscando resgatar os direitos que nós temos. Para que dê continuidade na nossa cultura, a gente valoriza muito a parte cultural, o carimbó que as meninas dançam. Tem um grupo de mulheres aqui que são bem engajadas e que consideram como uma terapia a dança, incentivadas pelo grupo de carimbó Arirambas e Botos. Então, esse entrosamento entre nós, a natureza, e a floresta, com certeza nos satisfaz e nos deixa melhor” contou a liderança de mulheres do Quilombo, Josinete Santos.
A comunidade vive a expectativa para as instalações da rede comunitária que possibilita acesso e ampliação das informações. Dessa forma, a conexão colabora para a economia local e é utilizada como ferramenta de comunicação, informação e comercialização da produção dos comunitários.
“A formação que nós tivemos ontem, com a Adriane e a Luísa, sobre a rádio web, a rádio digital, veio trazer para nós orientações e esclarecimentos acerca de como vai se dar o projeto e quanto ele se faz necessário. para dar mais visibilidade para os nossos trabalhos, principalmente o nosso empreendedorismo relacionado às produções de artesanato, de sabonete, do extrato da própolis, que tem fundamentalmente à frente, na verdade, as mulheres. E assim, os projetos que a gente se inscreve, os editais que a gente busca participar, eles vão nos dar esse suporte para que a gente possa estruturar esses espaços. A gente tem muitos espaços, enfatizou a professora quilombola, Maria do Carmo.
“Eu sou a existência, eu sou a resistência, eu sou aquele que ainda está preservando esse pedaço de paraíso e o que é que o projeto Floresta Digital, a rádio web que a gente vai fazer vai contribuir com tudo isso. Vai contribuir para a gente estar divulgando as nossas potencialidades. A rádio vai contribuir com que a gente possa estar dialogando com os não quilombolas sobre o que é ser quilombola, essa convivência pacífica que não pode ser guerra, tem que ser uma convivência pacífica, todos respeitam a todos”, ressaltou o Presidente do Quilombo, Mário Assunção.
As pesquisadoras começaram as visitas em setembro, para realizar o diagnóstico e trabalho de mapeamento nas comunidades que o projeto irá instalar as redes comunitárias e, além do Pará, já passaram pelo Amazonas e Amapá. As visitas foram marcadas pela expectativa de potencializar seus trabalhos, a partir da implantação das redes comunitárias.