Representações de cooperativas e associações da Resex Tapajós Arapiuns e da Floresta Nacional do Tapajós visitaram as dependências do Parque Tecnológico da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) em São José dos Campos, São Paulo;
Entusiasmadas, lideranças comunitárias de Surucuá e Carão (Resex), Flona Tapajós e do município de Belterra, participaram de um intercâmbio no período de 24 a 30 de outubro. A atividade do Projeto Amazônia 4.0 reuniu os líderes comunitários envolvidos com a aplicação em campo dos Laboratórios Criativos da Amazônia para produção de Cupuaçu e Cacau.
Durante a jornada, os extrativistas visitaram fábricas de chocolate de diferentes portes, como método de preparação da comunidade para a atividade de capacitação do próximo ano. Na experiência, os produtores são estimulados a interagir com outros usuários finais e as plataformas digitais e de automação.
Para a líder da Associação de mulheres trabalhadoras rurais de Belterra (Amabela), Selma Ferreira, a experiência tem sido fundamental para imaginar o projeto na prática, nas comunidades atendidas pela associação. “Muita troca de experiências, conhecendo lugares maravilhosos. Tendo oportunidade de ver a importância que a Amazônia 4.0 pode representar para as nossas comunidades, fortalecendo o bem viver de cada um dentro dos nossos territórios” – diz.
O Projeto Amazônia 4.0 foi apresentado para representações de extrativistas e agricultores em Santarém em julho de 2021. Na ocasião, o Diretor Científico do Projeto, Ismael Nobre explicou a dinâmica do projeto que objetiva a valorização da floresta e seus povos, por meio do uso de tecnologias altamente avançadas para beneficiar cadeias produtivas da Amazônia aos moradores de áreas da floresta.
Através dos ‘Laboratórios Criativos da Amazônia’, será possível agregar valor às produções das comunidades, aumentar sua renda, conservar e demonstrar o potencial da floresta. Uma das propostas do projeto é implementar uma fábrica móvel de demonstração completa onde entra matéria prima (Cacau ou Cupuaçu) e sai Chocolate embalado para o consumidor para demonstração e capacitação nas comunidades Amazônicas. Os processos de fabricação do chocolate são pensados para usar tecnologias e serão parte da capacitação oferecidas às comunidades.
Uma doce e feliz atividade, explicou Henrique Ferreira da comunidade Carão na Resex: “tudo que a gente viu facilita muito devido ao nosso contexto amazônico que a gente vive em questão de logística, transporte. Tudo aqui é muito inovador. É incrível, coisa de outro mundo. Quatro ponto zero, realmente. Tudo isso vem somar na produção dos povos, na conservação das florestas porque aqui a gente se propõe a trazer uma economia sustentável” – ressalta.
Para Adauto Souza da Cooperativa Agroextrativista de Surucuá (Cooprasu), conhecer o laboratório do projeto e suas inovações, agrega muito às atividades comunitárias, mostrando novas possibilidades para as demandas locais: É uma inovação feita para expandir. Com essa nova tecnologia podemos ter uma expectativa de melhoria para os povos indígenas, ribeirinhos. Pra gente é muito valioso participar desse projeto”.
Com os laboratórios, as comunidades serão capazes de produzir chocolates de forma fácil com ajuda das novas tecnologias e aumentar a renda das famílias, qualidade de vida e proteger a Floresta. O laboratório de cacau e cupuaçu realizará quatro experiências piloto no Pará onde poderão participar todas as pessoas das comunidades escolhidas que tenham interesse. O projeto começa a operar a partir de fevereiro de 2022. Após o processo de capacitação, as comunidades terão apoio durante um ano para criação de negócios e as pessoas terão acesso a uma Escola de negócios da Amazônia online para criação de negócios.
“É um aprendizado novo e com certeza vamos voltar com uma força maior. Pra mim está sendo maravilhoso pra que eu possa ficar na minha terra, na minha casa e poder cultivar mais e melhorar a vida do dia a dia” – afirma Joelma Lopes de Carão na Resex.
Para a presidenta da Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós (Ampravat), Mariane Chaves, as experiências compartilhadas durante o intercâmbio, reforçam o objetivo da organização: “Pra nós são parcerias muito importantes, porque une o nosso conhecimento tradicional, a nossa ancestralidade com esse conhecimento tecnológico e que, esperamos que daqui possa fluir os nossos produtos, projetos e tirar bons resultados” – diz.
O presidente da Cooperativa Agroextrativista do Oeste do Pará (ACOSPER) Manoel Edivaldo, que organiza a implantação do Ecocentro que reunirá itens das cadeias produtivas da sociobiodiversidade da região do Baixo Amazonas tais como óleos vegetais, mel de abelha, artesanatos, frutas e sementes, ressaltou a necessidade das visitas: “Isso é muito importante pra nós que estamos iniciando um processo com as comunidades, dentro dos nossos sistemas agroflorestais no município de Santarém, objetivando inovar. O Amazônia 4.0 está com essa iniciativa junto com a gente pra trabalhar com a tecnologia mais avançada”.
Para o Saúde e Alegria que apoia o Projeto e realiza a interlocução com as comunidades, esse é mais um passo importante para a consolidação de estratégias para fortalecer a economia dos povos da floresta. Com o intercâmbio, as lideranças puderam ver na prática os benefícios da tecnologia nos processos de produção do chocolate, por exemplo.
“Todos os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o projeto e suas inovações tecnológicas para a agroindustrialização dos produtos da biodiversidade. Além dos equipamentos, metodologia de trabalho, foi apresentado o protótipo da biofábrica (geodésicas onde vão estar instalados todos os equipamentos alimentados por energia solar). Trouxemos de resultado um grande aprendizado, de que é possível levar tecnologia aos povos da floresta” – disse o coordenador técnico do PSA, Márcio Roberto.
“Todos os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o projeto e suas inovações tecnológicas para a agroindustrialização dos produtos da biodiversidade. Além dos equipamentos, metodologia de trabalho, foi apresentado o protótipo da biofábrica (geodésicas onde vão estar instalados todos os equipamentos alimentados por energia solar). Trouxemos de resultado um grande aprendizado, de que é possível levar tecnologia aos povos da floresta” – disse o coordenador técnico do PSA, Márcio Roberto.
A partir dessa parceria, a expectativa é a chegada dos Laboratórios Amazônia 4.0 na região do Tapajós já a partir de 2022. “Sempre fomos entusiastas da tecnologia de ponta, na ponta. Para isso, é fundamental a cocriação com as comunidades, num aprendizado mútuo. É nesse sentido que temos apoiado o Amazônia 4.0, fortalecendo a participação dos movimentos, das cooperativas e organizações da região. Já promovemos um diálogo dos irmãos Ismael e Carlos Nobre aqui no Tapajós, e agora foi a vez da turma ir pra lá, ver na prática e avaliar os laboratórios que estão sendo pensados para as capacitações e debates por soluções que associem os saberes locais, a ciência, a agregação de valor aos produtos da sociobiodiversidade, a geração de renda com inclusão e floresta em pé.” – finalizou Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria.
Assista reportagem exibida no Jornal Nacional sobre intercâmbio: