Óleos vegetais, mel de abelha, artesanatos, frutas e sementes serão alguns dos itens a serem comercializados por meio do Ecocentro, que reunirá a produção das cadeias produtivas da sociobiodiversidade da região do Baixo Amazonas;
Uma reunião realizada na manhã desta quinta-feira (08) no Projeto Saúde e Alegria com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR), representantes da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará – ACOSPER e PSA, discutiu o plano de ação para instalação do Ecocentro do Programa Floresta Ativa Tapajós.
O espaço será construído em Santarém a partir da parceria entre as entidades com objetivo de fortalecer as cadeias produtivas que estão sendo apoiadas nas comunidades dos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, funcionando como um pólo de referência para o armazenamento, beneficiamento e escoamento da produção de produtos da chamada sociobiodiversidade: relação entre a diversidade biológica, os sistemas agrícolas tradicionais (agrobiodiversidade) e o bom manejo destes recursos junto com o conhecimento e cultura das populações tradicionais e agricultores familiares.
Na reunião foi discutido o acordo de cooperação técnica entre as instituições parceiras, organizações das representações por atividades produtivas e o planejamento de execução (Capacitação na gestão, Infraestrutura, Capital de Giro e Organização Institucional).
O Ecocentro será instalado nas dependências do STTR e deve começar a operar a partir do primeiro semestre de 2021, explicou o coordenador de Programas Econômicos Ambientais do PSA, Davide Pompermaier. A intenção é que o espaço funcione de forma permanente durante a semana e represente uma oportunidade de comercialização para o produtor rural da região. “No espaço haverá venda de polpa de fruta, pescado, galinha caipira, mel, frutas e sementes. Para uma etapa posterior à inauguração do ecocentro, serão instalados: entreposto de processamento de mel, usina de extração de óleos vegetais e usina de processamento de castanha de caju. As tecnologias funcionarão a partir do uso de energia solar” – esclarece Pompermaier.
Segundo o presidente do STTR, Manoel Edivaldo, serão beneficiados com as ações do projeto os agricultores e agricultoras familiares de Mojuí dos Campos (PA Moju I e II); Belterra na Floresta Nacional do Tapajós e em Santarém Reserva Extrativista Tapajós e Arapiuns, Projetos Agroextrativistas (Lago Grande, Eixo Forte, Urucurituba, Aritapera, Tapará e Ituqui) e do PEAEX Projeto de Assentamento Estadual Agroextrativista (Aruã, Vista Alegre e Mariazinha) além de municípios da calha norte do Amazonas.
Em paralelo, o projeto está realizando o levantamento dos produtores de mel de abelha e estudo sobre a legislação específica para o mel de abelha sem ferrão nas três esferas Municipal, Estadual e Federal. A cadeia produtiva do mel é uma das apostas deste conjunto de ações que compõem o Programa Floresta Ativa, que tem apoio do Fundo Amazônia, e vem desenvolvendo estratégias para economia da floresta a partir da geração de renda comunitária, respeitando o meio ambiente.
O Floresta Ativa é uma plataforma de oportunidades socioeconômicas voltadas ao manejo sustentável da floresta, fortalecendo cadeias produtivas que aproveitem melhor os potenciais existentes na Amazônia para empreendimentos agroecológicos e florestais, bioeconomia e de serviços ambientais que contribuam para a redução do desmatamento e das emissões de CO2 e, ao mesmo tempo, promovam segurança alimentar, elevação da renda e inclusão social das comunidades envolvidas.
As bases históricas da economia das comunidades tradicionais amazônicas são a caça, a pesca, o extrativismo e a agricultura de subsistência, geralmente com pouca circulação de dinheiro. Esse modelo vem sendo pressionado por novos ciclos econômicos (baseados na monocultura e na exploração minerária e madeireira), que, na forma como são implantados, têm aumentado os processos de ocupação predatória e o desmatamento ao invés de melhorar os índices de desenvolvimento socioeconômicos da região.
A Amazônia tem potencial para suprir o país com seus recursos naturais, mas são necessárias novas referências para uma economia que pense o futuro e que veja o meio ambiente como potencial e não como empecilho. Enfim, uma economia da floresta em pé. Nosso país é um dos maiores detentores de ativos naturais do planeta: 60% do bioma amazônico está no Brasil, com expressiva diversidade sociocultural e importância estratégica crescente em tempos de mudança climática, busca por economias de baixo carbono e acordos internacionais para a distribuição dos benefícios da biodiversidade e serviços ecossistêmicos.